Sobe para 12 o número de mortos em ataque terrorista durante celebração judaica em Sydney
Doze pessoas, incluindo crianças, morreram após um ataque a tiros ocorrido na tarde de domingo (14) na praia de Bondi, em Sydney, na Austrália. Dois homens armados com fuzis abriram fogo contra o público que participava de uma celebração judaica de Hanukkah, em um atentado que as autoridades classificaram como terrorismo.
De acordo com testemunhas à imprensa local, os atiradores desceram de um veículo na Campbell Parade, próximo ao Bondi Pavilion, por volta das 18h40 (hora local), e começaram a disparar em sequência contra a multidão que se concentrava na área turística. Relatos apontam para mais de 30 disparos. Imagens registradas no local mostram rajadas sucessivas de tiros na orla.
O momento em que um civil desarmou um dos atiradores do ataque terrorista na Austrália
Em coletiva de imprensa na noite de domingo, o primeiro-ministro do estado de Nova Gales do Sul, Chris Minns, confirmou a morte de 12 pessoas. Ao menos 29 feridos foram encaminhados a diferentes hospitais de Sydney, incluindo dois policiais em estado crítico e uma criança.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, responsabilizou o governo australiano por contribuir para o aumento do antissemitismo antes do ataque em Sydney.
“Há três meses escrevi ao primeiro-ministro australiano alertando que sua política estava alimentando o antissemitismo”, declarou Netanyahu, em referência a uma carta enviada a Anthony Albanese em agosto, após o anúncio de Canberra sobre o reconhecimento do Estado palestino.
“O antissemitismo é um câncer que se espalha quando líderes não se posicionam nem agem”, acrescentou Netanyahu em um discurso televisionado no sul de Israel.
A presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, também reagiu ao ataque e o relacionou à celebração. “Fiquei horrorizada ao ver as imagens do terrível ataque contra tantas pessoas em Bondi Beach no início das celebrações de Hanucá”, escreveu em sua conta na rede X.
“Meus pensamentos estão com as vítimas e com a comunidade judaica na Austrália e em todo o mundo”, completou.
O chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, afirmou neste domingo que ficou “sem palavras” diante do ataque.
“Trata-se de um ataque contra nossos valores compartilhados. Precisamos combater o antissemitismo, tanto na Alemanha quanto no resto do mundo”, escreveu em publicação na rede X.
O primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese, condenou o ataque, que foi oficialmente confirmado como um ato terrorista. “Este é um ataque direcionado contra judeus australianos no primeiro dia de Hanukkah — um dia que deveria ser de alegria e celebração da fé”, afirmou. “Um ato de antissemitismo e terrorismo que atingiu o coração da nossa nação. Um ataque contra judeus australianos é um ataque contra todos os australianos.”
Akram foi baleado, preso e permanece sob custódia, recebendo atendimento médico. O segundo atirador foi morto no local. A residência de Akram, em Bonnyrigg, foi alvo de uma operação policial, acompanhada por moradores. Pelo menos três pessoas foram retiradas do imóvel sob escolta armada.
Perto da ponte de onde partiram os disparos, a polícia encontrou itens suspeitos, incluindo um artefato explosivo improvisado (IED). O material foi removido por especialistas do esquadrão antibombas e transportado em um veículo blindado. Um carro prata, um Honda, foi localizado na cena com uma bandeira preta e branca abandonada sobre o capô; o significado do símbolo ainda é desconhecido.
Entre as vítimas está Alex Kleytman, morto ao tentar proteger a esposa, Larisa Kleytman. Casados há cerca de 50 anos, eles haviam ido de Matraville a Bondi para celebrar Hanukkah. “Acho que ele foi atingido porque se levantou para me proteger. Foi um tiro na parte de trás da cabeça”, disse Larisa à imprensa local. O casal imigrou da Ucrânia para a Austrália e deixa dois filhos e 11 netos.
Testemunhas relataram cenas de pânico. Um turista inglês identificado apenas como Finn contou que fazia uma videochamada com a família em Londres quando ouviu o que pensou serem fogos de artifício. “Vi um carro branco e um homem atirando de dentro do veículo. Vi uma senhora mais velha ser morta”, relatou. Tim Hamilton, que estava em North Bondi, disse ter visto pessoas correndo, se escondendo atrás de muros e entrando no mar para fugir dos disparos.
Daniel, turista brasileiro que visitava a Austrália, contou à ABC News que ele e um amigo se esconderam antes de conseguir escapar. “Havia muitas pessoas no chão, crianças chorando e procurando as mães”, disse. “Depois de hoje, não me sinto mais seguro.”
A praia estava lotada, com centenas de turistas e moradores, em um dia de verão com temperaturas próximas a 30 °C. O ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Sa’ar, criticou o governo australiano por, segundo ele, não ter dado atenção a alertas sobre o aumento do antissemitismo. A avaliação foi compartilhada pela enviada especial da Austrália para o combate ao antissemitismo, Jillian Segal, que afirmou que o ataque “não ocorreu sem aviso”.
Líderes políticos e religiosos manifestaram solidariedade às vítimas. O deputado federal judeu Julian Leeser classificou o episódio como um ataque terrorista e disse que o país vive “uma noite de luto e choque”. O imã Inam-ul-Haq Kauser, da Comunidade Muçulmana Ahmadiyya da Austrália, afirmou que membros da comunidade rezam pelas famílias afetadas e pela recuperação dos feridos.
Durante o ataque, a Igreja Anglicana de Bondi, a cerca de 100 metros do local, entrou em confinamento. Após o ocorrido, o espaço foi aberto para acolher pessoas que precisavam de abrigo, alimento ou apoio emocional. Famílias foram evacuadas da praia por volta das 21h, com crianças envoltas em cobertores térmicos.
As autoridades orientaram a população a evitar a região. Vias foram interditadas e linhas de ônibus desviadas. A polícia informou que não há registros de outros incidentes relacionados em Sydney. O nível de ameaça terrorista nacional permanece classificado como “provável”, segundo o chefe da agência de inteligência ASIO, Mike Burgess.
Fonte: Gazeta Brasil

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