Trinidad e Tobago anuncia apoio militar aos EUA em caso de ataque venezuelano à Guiana
O governo de Trinidad e Tobago anunciou que apoiará os Estados Unidos em caso de um possível conflito com a Venezuela por causa da disputa territorial com a Guiana. A decisão, revelada pela primeira-ministra Kamla Persad-Bissessar, representa uma mudança significativa na segurança regional e ocorre em meio a um aumento da presença militar dos EUA no Caribe.
“Se o regime de Maduro lançar qualquer ataque contra o povo guianense ou invadir o território guianense e o governo americano solicitar acesso ao território trinitário para defender o povo da Guiana, meu governo o concederá sem reservas”, afirmou a primeira-ministra.
A declaração de apoio surge em um contexto de crescente tensão. Os Estados Unidos têm intensificado seu desdobramento militar na região, com a presença de destróieres e navios de guerra próximos à costa venezuelana. A iniciativa, que visa reforçar a segurança e combater o crime organizado e o tráfico de drogas, foi recebida com silêncio por outros governos caribenhos, mas a Guiana e Trinidad e Tobago expressaram apoio.
A disputa pelo território de Essequibo — uma área rica em recursos naturais de 160 mil quilômetros quadrados — é histórica. A Guiana defende a validade de um laudo de 1899 que lhe concedeu a soberania da região e sustenta que a Corte Internacional de Justiça (CIJ) é o foro adequado para resolver o litígio. A Venezuela, por sua vez, rejeita o laudo e reivindica o território, tendo realizado um referendo em dezembro de 2023 para incorporá-lo.
O presidente da Guiana, Irfaan Ali, afirmou que o país está preparado para proteger sua soberania e reforçou a importância do apoio internacional para enfrentar as ameaças. Ali também mencionou a influência de organizações criminosas ligadas ao governo venezuelano, como o Cartel de los Soles, na desestabilização regional.
O aumento da violência e do crime organizado tem sido um problema crescente no Caribe. Trinidad e Tobago registrou 625 assassinatos no último ano, e outros países como Suriname e Barbados também viram suas taxas de homicídios dobrarem. A primeira-ministra Persad-Bissessar atribuiu o fenômeno ao tráfico de drogas, pessoas e armas, alertando que os cartéis se infiltraram nas altas esferas da sociedade.
A Venezuela reagiu, acusando a Guiana de agir sob a influência de interesses estrangeiros e de uma petrolífera americana. A chancelaria venezuelana classificou a postura da Guiana como “miserável” e afirmou que as declarações visam prejudicar a imagem do país.
Neste cenário complexo, a estabilidade regional dependerá da capacidade de as partes manterem o diálogo e da vigilância da comunidade internacional para garantir a paz e a segurança no Caribe.
Fonte: Gazeta Brasil

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