quarta-feira, 30 de julho de 2025

COM A CHEGADA DO PRAZO PARA TAXAÇÃO AMERICANA NOS PRODUTOS BRASILEIROS ALGUNS SEGUIMENTOS TEM MERCADORIAS PERECÍVEIS

Veja os produtos perecíveis mais afetados por tarifa dos EUA

Decreto tarifário afeta de maneira direta cadeias produtivas agrícolas, pecuárias e aquícolas que têm os Estados Unidos como destino preferencial

A nova tarifa de importação anunciada pelo governo dos Estados Unidos, que impõe alíquota de 50% sobre todos os produtos originários do Brasil a partir de 1º de agosto, impacta fortemente o comércio de bens perecíveis entre os dois países.

Na prática, o decreto tarifário afeta de maneira direta cadeias produtivas agrícolas, pecuárias e aquícolas que têm os Estados Unidos como destino preferencial. Setores brasileiros alertam para perdas logísticas, queda de competitividade e riscos de paralisação de contratos em andamento. Por outro lado, o Brasil ainda não adotou medidas espelhadas ou retaliatórias para produtos perecíveis importados dos EUA.

Exportações brasileiras de perecíveis afetadas

A tarifa de 50% incide sobre todos os produtos importados do Brasil, sem exceções por tipo de mercadoria ou grau de industrialização. Isso significa que tanto matérias-primas agrícolas quanto itens processados e industrializados estão sujeitos à mesma alíquota. Entre os produtos mais afetados na categoria de perecíveis estão:

Frutas frescas

O Brasil é exportador de diversas frutas tropicais e sazonais para o mercado norte-americano. Os principais itens afetados incluem:

Manga e uva de mesa: respondem por mais de US$ 148 milhões em exportações anuais. Os embarques são concentrados entre agosto e dezembro, o que coincide com a entrada em vigor da tarifa.

Melão, melancia e limão: apresentaram crescimento significativo nas exportações em 2024 e 2025. Esses produtos são consumidos in natura e exigem transporte refrigerado e rápido escoamento, o que torna o custo logístico especialmente sensível a alterações tarifárias.

Banana e abacate: exportados em menor volume, mas com mercado em expansão nos EUA, especialmente no setor de produtos naturais e orgânicos.

Açaí: exportado principalmente na forma de polpa congelada. Sua inclusão na tarifa afeta diretamente micro e pequenas empresas do Norte do país.

Café

O Brasil é o principal exportador de café do mundo e representa cerca de 30% das importações dos Estados Unidos. Com a nova tarifa, o produto passa a enfrentar um custo adicional significativo, que pode ser repassado ao consumidor final ou implicar em perda de mercado para concorrentes como Vietnã, Colômbia e Etiópia.

Suco de laranja

A commodity brasileira mais impactada em termos proporcionais é o suco de laranja concentrado, do qual o Brasil representa até 90% das importações feitas pelos EUA. A tarifa compromete as margens de exportação e ameaça a continuidade das operações de embarque já programadas para a safra 2025/2026.

Pescados

A cadeia da pesca e aquicultura foi uma das primeiras a sentir os efeitos da nova política tarifária. Cerca de mil toneladas de pescado, o equivalente a 58 contêineres refrigerados, estão retidas em portos brasileiros desde o anúncio da medida. Os EUA absorvem aproximadamente 70% das exportações brasileiras de peixes frescos e congelados, com destaque para tilápia e espécies de água doce.

Segundo dados da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), a imposição da tarifa deve elevar os preços internos de pescado nos EUA e provocar redirecionamento das exportações brasileiras para outros mercados, como União Europeia e Oriente Médio.

Importações brasileiras de perecíveis dos EUA

Até o momento, o Brasil não anunciou contramedidas tarifárias específicas em resposta à medida norte-americana. As importações brasileiras de produtos perecíveis originários dos EUA seguem regidas pela Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul. Entre os principais itens importados estão:

Carnes e pescados

Frango congelado e carne bovina desossada: importados em volumes modestos, sobretudo para uso industrial ou regiões de fronteira.

Peixes como salmão e bacalhau: consumidos no mercado interno brasileiro, são tributados com alíquotas entre 2% e 10%, sem aumento anunciado até o momento.

Produtos lácteos

Leite em pó, queijos e creme de leite processado também integram a pauta de importação, mas em volumes reduzidos. As tarifas seguem padrões de regulação sanitária e econômica comuns à zona do Mercosul.

Reciprocidade

Em junho de 2025, o Congresso Nacional aprovou a Lei de Reciprocidade Comercial, que autoriza o governo brasileiro a aplicar tarifas compensatórias e a revisar unilateralmente benefícios tarifários concedidos a parceiros comerciais que impuserem barreiras ao Brasil. No entanto, não houve, até agora, anúncio de retaliações diretas ao setor perecível.

O vice-presidente Geraldo Alckmin, também responsável pela coordenação da política comercial, informou que o governo brasileiro está em contato com representantes do Departamento de Comércio dos EUA e com membros da Câmara de Comércio Brasil-EUA, mas as negociações não resultaram, até agora, em suspensão da tarifa.

Fonte: Congresso em Foco


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