sábado, 25 de dezembro de 2021

NATAL COMPLETA 422 ANOS E CONTINUA A ENCANTAR SEUS MORADORES E VISITANTES

Natal chega aos 422 anos com boas histórias e resistência

Com suas belas praias e dunas, a Cidade do Sol é mais do que as belezas naturais que a tornam um famoso destino turístico

Marcos emblemáticos compõem a história de Natal desde 1599. Neste sábado 25, a cidade completa 422 anos de existência. Da data de fundação que coincide com o dia do nascimento de Jesus no calendário cristão à Segunda Guerra Mundial, a capital potiguar é um mosaico cultural de ricas simbologias, segundo o professor aposentado da UFRN e membro do Instituto Histórico e Geográfico do RN (IHGRN), Luiz Brandão Suassuna.

De acordo com Kokinho, como ele é conhecido, a cidade cercada por dunas coleciona belezas naturais e características culturais originais. “O que mais marca Natal é a sua beleza, circundada pelo rio Potengi. Além disso, a cidade deve se orgulhar do seu povo extremamente hospitaleiro”, justificou.

A análise de Suassuna se sustenta no “oferecimento de uma gastronomia regional excelente”, a qual exemplificou por meio da ginga e tapioca, considerada Patrimônio Cultural Imaterial do Rio Grande do Norte. Tradicionalmente, a origem do prato é atribuída a pescadores da praia da Redinha, na Zona Norte da capital, entre os anos 1950 e 1960.

O professor destaca que até o posicionamento geográfico de Natal fez com que a cidade ganhasse destaque frente a outras cidades. Tal fato permitiu à cidade costurar seu nome na história mundial. “Desde o tempo colonial, quando era ponto de referência para a navegação, passando pela participação estratégica na Segunda Guerra Mundial, até os dias atuais, Natal mostra sua importância”, relembrou.

Suassuna cita como heranças desse tempo, o Forte dos Reis Magos, a Santa Cruz da Bica, a Matriz de Nossa Senhora da Apresentação, o Convento Santo Antônio, a Igreja do Rosário dos Pretos, a casa de Câmara Cascudo e o Palácio Potengi – hoje Pinacoteca do estado. Alguns desses prédios passaram por recentes restaurações, assim como redutos culturais, a exemplo do Beco da Lama.

O professor chamou a atenção para a necessidade de preservar esses lugares a fim de incluí-los no roteiro turístico, além do sol e mar. “Deve haver um entrosamento das estratégias governamentais com o potencial histórico que o RN dispõe e apresenta. Tem havido um esforço governamental para a preservação apesar de toda a crise vivida. Exemplos são a reabertura da Biblioteca Pública, da Pinacoteca e do Teatro Alberto Maranhão (TAM)”, exemplificou.

Vale ressaltar que, com um dos mais belos litorais do Brasil que se estende por mais de 400 Km, Natal é considerada a cidade que possui o ar mais puro da América do Sul. Além de prédios, a capital potiguar detém de personalidades representativas, segundo Suassuna. Para ele, o historiador e folclorista Luís da Câmara Cascudo é a maior. O argumento do professor baseia-se nas “obras do folclorista” que “têm projeção internacional”. Os escritos de Câmara Cascudo e outros somam-se às manifestações folclóricas de Natal, como a da Sociedade Araruna, de acordo com Suassuna. Conforme análise dele, as atividades acadêmicas produzidas pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte e demais faculdades também produzem ganhos científicos e culturais para sociedade natalense.

Com tantos motivos para se orgulhar, o professor acredita que os natalenses têm sentimento de pertencimento em relação à cidade em que vivem. “Existem peculiaridades. Mas eu creio que sim. (Existe) a ideia de pertencimento, mesma que provinciana”, encerrou.

História – Fundada em 1599 às margens do Rio Potengi, Natal surgiu a partir da intenção espanhola de expulsar os franceses do litoral brasileiro no período da União das Coroas Ibéricas (1580 -1640). O rei da Espanha, Felipe II, determinou a construção de uma fortaleza para proteger a Barra do Rio Grande – como era chamado o território naquela época – e a fundação de uma cidade a uma légua da fortificação.

A Fortaleza dos Reis Magos foi inaugurada em janeiro de 1598, e seu nome faz referência ao Dia de Reis, quando se encerra o ciclo natalino. Quase dois anos depois, a uma légua da edificação, nasceu a cidade, que teve os limites demarcados em 25 de dezembro de 1599. Natal era uma cidade pequena, com poucos quilômetros de extensão. Começava nos arredores da atual Praça das Mães e terminava na Praça da Santa Cruz da Bica, ambas localizadas na Cidade Alta. O início e o fim da cidade eram marcados por duas cruzes – até hoje ainda se conserva uma cruz simbólica na Praça da Santa Cruz da Bica.

Natal ou Nova Amsterdã? Em 1633, Natal é alvo da invasão Holandesa ao Brasil e recebe provisoriamente o nome de Nova Amsterdã, em alusão à capital holandesa. Para se ter ideia de como a cidade era pequena e pouco habitada em 1822, ano da Independência do Brasil, Natal tinha em torno de 700 habitantes. Mas, na segunda metade do século XIX, o algodão incrementa a economia local e promove o desenvolvimento da cidade, principalmente do bairro da Ribeira, região às margens do Rio Potengi, onde havia um pequeno porto. Nos primeiros 100 anos de sua existência,

Natal apresentou crescimento lento. Porém, no final do século XIX, a cidade já contava com uma população de mais de 16 mil habitantes. A partir de 1922, o desenvolvimento de Natal ganhou ritmo acelerado com o aparecimento das primeiras atividades urbanas. Outro acontecimento que inaugura uma nova fase na capital é a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial, em 1942, ao lado dos Estados Unidos.

Natal passa a ter uma base americana que atrai investimentos e um povoamento de 10 mil soldados americanos – aumentando em 20% a população local. Nos anos pós-guerra, a cidade continuava a se desenvolver e sua população aumentava aos poucos, mas foi no início da década dos anos 80, com a construção da Via Costeira, que Natal mudou completamente, e isso foi um marco importante para a história da cidade.

Fonte: Agora RN


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