sexta-feira, 19 de julho de 2024

NOVIDADE NA PRODUÇÃO DE BIOCOMBUSTÍVEL: CIENTISTAS CONSEGUEM PRODUZIR ÁLCOOL DO AGAVE LARGAMENTE PLANTADO NO NORDESTE BRASILEIRO

Cientistas brasileiros encontram nova forma de produzir etanol

Uma equipe da Unicamp desenvolveu uma cepa geneticamente modificada de uma levedura que pode revolucionar a produção de etanol

Uma cepa geneticamente modificada da levedura Saccharomyces cerevisiae pode revolucionar a produção de etanol. A descoberta foi feita por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Descoberta possibilita produzir etanol em ambientes semiáridos

Segundo a equipe responsável pelo trabalho, a levedura em questão é capaz de digerir o principal carboidrato presente no agave, um tipo de suculenta muito comum no México e no Nordeste brasileiro.

Isso significa que a descoberta abre a possibilidade de produzir etanol em ambientes semiáridos.

O biocombustível é considerado fundamental na luta contra as mudanças climáticas, por exemplo.

O pedido de patente já foi depositado no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).

O agave é conhecido por ser a planta a partir da qual a tequila é produzida. Mais recentemente, ela também vem ganhando fama como opção saudável de adoçante. No Brasil, sua produção se destina apenas à produção de fibra de sisal e grande parte de sua biomassa é descartada.

Segundo os pesquisadores, essa biomassa ainda não é utilizada para produção de etanol biocombustível principalmente pela necessidade de maior eficiência na conversão dos açúcares da planta. Seu principal açúcar é um polímero de frutose chamado inulina, cuja digestão requer uma enzima que não está naturalmente presente na Saccharomyces cerevisiae, a levedura utilizada pela indústria para produzir etanol.

Para a fermentação da tequila, por exemplo, é necessário realizar inicialmente um processo de hidrólise, que quebra esse carboidrato em açúcares menores – esses, sim, digeríveis pela levedura. A alternativa é trabalhar com outros fungos naturais, que consumam naturalmente a inulina, mas ainda não foram encontradas opções com a eficiência exigida em processos industriais.

Para solucionar esse impasse e utilizar o agave como matéria-prima para o etanol, pesquisadores da Unicamp usaram estratégias de engenharia genética e criaram uma nova cepa de S. cerevisiae. Em testes realizados em laboratório, ela se mostrou capaz de transformar o açúcar do agave em etanol.

Em outras palavras, isso significa potencializar a produção de etanol no Brasil e no mundo. O combustível pode ser utilizado para abastecer veículos híbridos e até aviões. Outros usos envolvem o setor alimentício, que utiliza inulina na produção de frutose e xaropes

Fonte: Agência FAPESP


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