Jesus foi inventado por Roma?
Por: Jose Geraldo Gouvea Estudou História e Geografia (Formou-se em 1997)
Depende do que você quer dizer por "inventado". Se você quer dizer que cada elemento de sua biografia e pregação saiu da pena de um autor romano, a resposta é obviamente "não". Mas se considerarmos que sua vida e pregação só se tornaram conhecidos por meios oferecidos pelo Império Romano, então é mais que óbvio que sim.
Jesus seria pouco menos que uma nota de rodapé na história caso não tivesse sua história escrita em grego e posteriormente traduzida em latim — as duas línguas mais relevantes da Antiguidade Ocidental.
Jesus seria pouco menos que uma nota de rodapé na história romana caso a sua biografia não tivesse sido cuidadosamente escrita para deixar de fora elementos desagradáveis aos romanos, ou para simplesmente enfatizar o que os romanos queriam ouvir. Outros pregadores da mesma época não tiveram o mesmo sucesso, outras religiões surgiram e desapareceram. Somente Jesus permaneceu conhecido. Se você é cristão, dirá que foi por ele ser o único verdadeiro. Se você analisa a história de maneira materialista, foi porque ele tinha o conjunto adequado de características para ser aceito amplamente.
Sim, é verdade que houve algum pregador chamado Jesus, possivelmente nascido em Belém ou Nazaré (ou dois pregadores diferentes, um nativo de cada cidade, cujas biografias foram misturadas). Sim, é verdade que há um conjunto de pregações religiosas de origem judaica e possivelmente influenciadas pelo Budismo ou pela filosofia grega. Essas pregações ressoam parecidas com o que Jesus dizia.
Sim, é verdade que alguns personagens citados nos evangelhos são históricos, não mitológicos: Augusto, Tibério, Herodes, Pilatos…
Tudo isso aprofunda a credibilidade da história e facilita sua difusão.
Jesus existiu, não foi inventado. Mas a mitificação e a sacralização de Jesus são produto da religiosidade helenístico-romana, que, inclusive, já havia tentado três vezes antes, com o mitraísmo, o gnosticismo e, talvez, com o budismo dos missionários peripatéticos de Ashoka.
A mitologia de Jesus foi historicamente construída e isto está documentalmente comprovado, através das inúmeras "heresias" dos primeiros séculos, que nada mais são que versões conflitantes de sua vida e significado: monofisismo, arianismo, gnosticismo, marcionismo, adocionismo, docetismo, triteísmo, nestorianismo, e muitas outras… Todas finalmente consolidadas no cristianismo "padrão" do Credo de Niceia, sob o patrocínio do imperador romano, Constantino.
Blog 30zero7
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