Governo focará em tarifa zero e fim da escala 6x1, diz Lindbergh
Líder do PT afirma que tarifa zero e fim da escala 6x1 estão entre as prioridades e que governo enviará poucos projetos ao Congresso no próximo ano por causa das eleições
O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), afirmou que o governo Lula deve reduzir drasticamente o envio de projetos ao Congresso em 2026, concentrando sua atuação legislativa em pautas consideradas estratégicas, como a tarifa zero no transporte público e o fim da escala de trabalho 6×1. As declarações foram dadas em café da manhã com jornalistas que acompanham os trabalhos da Casa.
Segundo Lindbergh, o diagnóstico no Palácio do Planalto é de que o ambiente eleitoral já domina o Congresso e tende a se intensificar ao longo do próximo ano, o que limita a capacidade de articulação para uma agenda extensa. "É um ano eleitoral, é um ano que a gente não vai querer acionar tanto com o parlamento", afirmou.
"Eu acho que só em temas que são decisivos. Nós colocamos um aqui que é o fim da escala 6x1 e a tarifa zero para o transporte público", disse o deputado, ao citar exemplos de pautas que o governo considera prioritárias para o período.
Há várias propostas tratando do fim da escala 6x1 e da redução da jornada de trabalho. Uma PEC sobre o tema, de autoria do senador Paulo Paim (PT-RS), foi aprovada na semana passada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. O fim da escala também é objeto de vários projetos de lei na Câmara.
Já a viabilidade da tarifa zero ainda é objeto de cálculo no Ministério da Fazenda. Pesquisa feita por núcleo da Universidade de Brasília (UnB) estima que o custo para instituir a gratuidade no transporte público no país seria de R$ 78 bilhões. Os pesquisadores sustentam que não é necessário criar novo imposto para financiar a tarifa zero, mas rever as regras do vale-transporte.
Agenda enxuta e foco no essencial
Lindbergh destacou que a estratégia será encaminhar ao Legislativo apenas propostas consideradas indispensáveis à gestão e ao projeto político do presidente Lula. "Então a gente só vai mandar para cá (…) projetos que são extremamente necessários", afirmou.
Na avaliação do líder do PT, não há espaço político — nem interesse do governo — em tentar avançar com uma grande quantidade de matérias em um ano marcado pela disputa eleitoral. "Não temos muita ilusão de que é um ano que a gente vai ter muita margem de manobra para aprovar projetos de todo tipo, nem é nosso interesse", disse.
Congresso sob lógica eleitoral
O parlamentar afirmou que a dinâmica eleitoral não é um fenômeno restrito a 2026 e já influencia o Congresso desde este ano. "Para falar a verdade, já tomou dois semestres", disse, ao mencionar embates recentes em torno de medidas econômicas, como propostas tributárias e discussões sobre anistia.
Segundo Lindbergh, apesar das dificuldades, o governo conseguiu se posicionar politicamente nesses confrontos. "Na nossa avaliação, a gente soube responder de forma apropriada e venceu o debate", afirmou, destacando o papel do presidente Lula na condução da disputa política.
"O presidente sabe fazer disputa política. Fez isso a vida inteira", disse. Para ele, o confronto com a oposição e setores do Congresso é parte natural do processo democrático. "A disputa política é natural. É disputa política na veia."
Reformas para a próxima legislatura
Lindbergh também indicou que reformas mais profundas, como a reforma política, não devem avançar em 2026. Segundo ele, o tema continuará no radar do PT, mas deve ser tratado em outro momento. "Nós achamos que o tema da reforma política tem que ser um tema (…) para 2027", afirmou.
Para o líder do PT, a opção por uma agenda legislativa mais restrita não significa recuo político, mas uma reorganização estratégica diante do calendário eleitoral. "A gente sabe que o ambiente eleitoral vai estar tomando conta da disputa", afirmou.
Nesse cenário, Lindbergh avaliou que bandeiras como tarifa zero e o fim da escala 6×1 dialogam diretamente com a sociedade e devem ganhar centralidade no discurso do governo e da base aliada ao longo de 2026.
Fonte: Congresso em Foco

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