‘Ameaça de guerra mundial é séria e real’, alerta primeiro-ministro da Polônia
A guerra na Ucrânia entrou em uma “fase decisiva”, com o lançamento de um novo míssil balístico por Vladimir Putin, que demonstrou que a ameaça de um conflito global é “séria e real”, conforme afirmou o primeiro-ministro polonês Donald Tusk.
O alerta de Tusk surge no momento em que autoridades da OTAN e da Ucrânia convocam negociações de emergência sobre o ataque com mísseis balísticos hipersônicos contra Dnipro.
A Polônia, vizinha da Ucrânia e porta de entrada da OTAN e da União Europeia para o conflito, estaria na linha de frente caso o conflito se amplie para outras regiões do Leste Europeu. Historicamente, o país foi um dos primeiros a ser ocupado nas duas guerras mundiais, o que intensifica a preocupação com a expansão do conflito. No entanto, a área afetada pode ser ainda maior, dado o complexo jogo de alianças em desenvolvimento nos últimos três anos.
Putin afirmou que o lançamento foi uma resposta à utilização, pela Ucrânia, de mísseis de longo alcance britânicos e americanos contra alvos na Rússia. O presidente russo emitiu uma ameaça severa, declarando que Moscou “tinha o direito” de atacar qualquer nação ocidental que fornecesse tais armas a Kiev. Ele também prometeu continuar usando o novo míssil “em condições de combate”, direcionando a ameaça tanto à Ucrânia quanto ao Ocidente.
Tusk alertou para os perigos da situação na Ucrânia, que faz fronteira com a Polônia. “A guerra no leste está entrando em uma fase decisiva; sentimos que o desconhecido está se aproximando. O conflito está tomando proporções dramáticas. As últimas dezenas de horas mostraram que a ameaça é séria e real quando se trata de conflito global”, afirmou.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu uma “resposta séria” do mundo ao disparo do míssil por Putin, a fim de demonstrar que há “consequências reais”. Zelensky acrescentou que o ministério da defesa da Ucrânia já trabalha com aliados para desenvolver defesas aéreas contra os “novos riscos” enfrentados pelo país.
Na sexta-feira, uma sessão do parlamento ucraniano foi cancelada devido ao reforço de segurança após o ataque em Dnipro. Nesta semana, a Ucrânia utilizou mísseis Storm Shadow, fabricados no Reino Unido, e sistemas de mísseis táticos ATACMS, fabricados nos EUA, para atingir alvos na Rússia, após meses de pedidos de Zelensky para autorizar o uso desses mísseis de longo alcance, com alcance entre 150 e 190 milhas.
Em resposta, a Rússia intensificou suas ameaças ao Ocidente. Na terça-feira, no milésimo dia de sua invasão à Ucrânia, Putin assinou uma doutrina nuclear revisada, declarando que qualquer ataque convencional à Rússia por uma nação apoiada por uma potência nuclear seria considerado um ataque conjunto ao país.
Oficiais militares dos EUA informaram que o design do novo míssil russo é baseado no míssil balístico intercontinental (ICBM) RS-26 Rubezh de longo alcance. Embora seja um míssil experimental, a Rússia provavelmente possui apenas um número limitado de unidades, de acordo com autoridades. O Pentágono afirmou que o míssil foi disparado com uma ogiva convencional, mas ressaltou que Moscou poderia adaptá-lo para carregar ogivas nucleares ou convencionais.
Inicialmente identificado como um ICBM, o míssil foi descrito pela principal agência de espionagem de Kiev, a Diretoria Principal de Inteligência (HUR), como tendo voado por 15 minutos, atingindo uma velocidade de mais de Mach 11, ou 11 vezes a velocidade do som. A HUR afirmou que o míssil estava equipado com seis ogivas, cada uma com seis submunições, e que sua velocidade final era superior a Mach 11.
Putin afirmou na sexta-feira que a Rússia continuará testando o míssil hipersônico Oreshnik em campo e começará sua produção em série. Ele alegou que o míssil é impossível de ser interceptado.
Viktor Orban, primeiro-ministro húngaro e aliado próximo do Kremlin, alertou contra subestimar as respostas da Rússia, afirmando que as modificações na doutrina nuclear russa não devem ser vistas como um “blefe”. “Não é um truque – haverá consequências”, disse ele.
Por outro lado, o ministro das Relações Exteriores tcheco, Jan Lipavski, descreveu o ataque russo como “um passo de escalada e uma tentativa [do] ditador russo de assustar a população da Ucrânia e da Europa”. A ministra da Defesa britânica, Maria Eagle, reforçou o apoio do Reino Unido à Ucrânia, destacando que a retórica de Putin não deve impedir o compromisso com o país. “Não podemos nos deixar desencorajar de apoiar a Ucrânia, e não seremos”, afirmou.
O líder da oposição britânica, Sir Keir Starmer, enfatizou, ao ser questionado sobre se o Reino Unido está em guerra, que “não estamos em guerra, mas a Ucrânia certamente está, porque a Ucrânia foi invadida pela Rússia, e essa guerra já dura pouco mais de 1.000 dias”. Ele destacou a necessidade de apoiar a Ucrânia para evitar que Putin vença o conflito.
Fonte: Gazeta Brasil
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