Walter Alves e o efeito borboleta da política potiguar
Na teoria do caos, o efeito borboleta explica como uma decisão pequena pode gerar consequências grandes e imprevisíveis. Na política do Rio Grande do Norte, episódio semelhante pode estar prestes a acontecer caso se confirme a decisão do vice-governador Walter Alves de não assumir o Governo do Estado. Algo que pode afetar desde a formação das nominatas do MDB até produzir um candidatura inesperada ao Senado.
Uma nota divulgada no início da noite de ontem por ele e pela governadora Fátima Bezerra dá conta que a decisão deve passar pela interlocução com os diretórios nacionais dos partidos, como na oportunidade em que a aliança se firmou em 2022.
Mas se eventualmente, a decisão for pela não assunção ao cargo por Walter, o gesto vai além de uma questão administrativa. Na prática, dá um tapa no tabuleiro, lança as peças ao ar - e coloca o jogo em um certo grau de incerteza. Sem a caneta, Walter mantém influência por comandar um partido com mais de 40 prefeitos, mas perde o principal instrumento de articulação política: o poder de ordenar alianças, atrair quadros e dar direção ao jogo.
Nominatas fragilizadas
O impacto aparece na formação das nominatas de 2026. Um MDB no governo teria força para montar chapas competitivas. Fora do Executivo, o partido entra na disputa como coadjuvante, correndo risco de fragilidade especialmente na Câmara Federal.
Há inclusive notícias de bastidores de movimentos que pareciam certos de fortalecimento da nominata e que entraram em compasso de espera como dos deputados estaduais Ubaldo Fernandes e Dr. Bernardo, por exemplo.
Candidatura improvável
A sucessão estadual também muda. Ao não assumir, Walter pode estacionar Fátima Bezerra até o fim do mandato, concentrando a máquina no PT e empurrando a eleição para um confronto mais ideológico e fragmentado.
Isso, sem falar, na possibilidade de produzir uma candidatura improvável para o Senado: a de Natália Bonavides, que até segunda ordem, deve pleitear uma vaga na Câmara dos Deputados.
Há reflexos nacionais. Governadores têm peso diferenciado em Brasília. Sem esse ativo, o MDB potiguar perde espaço e deixa o vácuo ser ocupado por outras forças políticas.
Efeito simbólico
Por fim, há o efeito simbólico. Não assumir quando se pode assumir gera leitura. Enquanto nomes como o secretário Cadu Xavier, o senador Rogério Marinho e o prefeito Allyson Bezerra lutam para chegarem fortes a disputa de 2026, há quem abdique da oportunidade. Para aliados, pode soar como estratégia. Para as bases, hesitação. E, na política, percepção costuma pesar mais que explicação.
O efeito borboleta está aí: uma decisão individual produz instabilidade coletiva. Na política, espaço vazio não permanece vazio — alguém sempre ocupa.
Fonte: www.blogdobrunoaraujo.com.br

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