Hackers usaram credenciais de juízes para soltar detentos com alvarás fraudados
Um grupo de quatro detentos conseguiu deixar o Ceresp Gameleira, em Belo Horizonte, pela porta da frente no último sábado (20), após hackers invadirem o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e fraudarem ordens de soltura.
Esses quatro criminosos haviam sido presos em 10 de dezembro com outras cinco pessoas suspeitas de integrarem uma organização criminosa apontada como responsável por acessar de forma ilegal o sistema do Judiciário.
Os homens deixaram a prisão graças ao crime que os levou ao sistema prisional: a manipulação dos alvarás. Até a noite desta terça-feira (23), somente um deles havia sido recapturado, e os outros três eram considerados foragidos.
De acordo com a investigação, a organização criminosa formada por hackers e estelionatários usava credenciais, ou seja, logins e senhas, associados a juízes para acessar o sistema do CNJ. Ainda não se sabe como essas credenciais foram parar nas mãos de criminosos. Com esse acesso indevido, eles conseguiam simular decisões oficiais e alterar dados sensíveis de processos.
O que o grupo tentava fazer?A investigação apontou que a quadrilha atuava em diferentes frentes dentro do sistema da Justiça. Entre as principais ações investigadas, estão as tentativas dos atos ilícitos abaixo:
Liberação de presos por meio da emissão fraudulenta de alvarás de soltura, o que de fato ocorreu no último sábado.Alteração de dados de mandados de prisão, o que poderia impedir o cumprimento de ordens judiciais.Desbloqueio de valores retidos pela Justiça, o que poderia permitir desviar recursos que estavam sob decisão judicial;Liberação de veículos apreendidos, o que alteraria de forma irregular o status de bens.
A liberação irregular ocorreu após as ordens judiciais serem inseridas no Banco Nacional de Mandados de Prisão, parte do sistema do CNJ. A partir de lá, a Secretaria de Justiça estadual de Minas Gerais recebeu as informações para a liberação de detentos do sistema prisional.
O CNJ afirmou que não houve invasão ou falha estrutural em seus sistemas. Segundo o órgão, ocorreu, na verdade, o uso fraudulento de credenciais verdadeiros, e todas as decisões falsas foram identificadas e canceladas em menos de 24 horas. O conselho apontou, ainda, que não foi identificado qualquer indício de falha sistêmica ou do envolvimento funcional de servidores. Leia nota do órgão na íntegra.
O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) informou que as ordens forjadas já foram anuladas. Segundo o Judiciário, esses alvarás não foram expedidos por nenhum juiz, e os mandados de prisão foram restabelecidos. Forças de segurança foram acionadas para recapturar os foragidos.
Fonte: Portal Grande Ponto

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