Venezuela chama de 'ameaça colonialista' anúncio de Trump de fechar seu espaço aéreo
A tensão entre Estados Unidos e Venezuela segue aumentando em meio às manobras militares que as Forças Armadas americanas realizam há duas semanas no Caribe com a mobilização de milhares de militares e do maior porta-aviões do mundo.
Neste sábado (29/11), o presidente americano, Donald Trump, anunciou que o espaço aéreo "sobre" e "nos arredores" da Venezuela será fechado "por completo".
"A todas as companhias aéreas, pilotos, narcotraficantes e traficantes de pessoas: por favor considerem o espaço aéreo acima e ao redor da Venezuela fechados em sua totalidade", escreveu na rede social Truth Social.
O governo venezuelano acusou Trump de fazer uma "ameaça colonialista". O Ministério das Relações Exteriores classificou a declaração como "mais uma agressão extravagante, ilegal e injustificada contra o povo venezuelano".
Apesar do tom, os EUA não têm autoridade legal para fechar o espaço aéreo de outro país, mas a postagem de Trump pode gerar incerteza entre viajantes e desestimular companhias aéreas a operar na região.
O anúncio acontece poucos dias após a Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA) alertar empresas aéreas para a "intensificação da atividade militar em e ao redor da Venezuela".
Na quarta-feira (26/11), Caracas havia proibido seis grandes companhias internacionais — Iberia, TAP Portugal, Gol, Latam, Avianca e Turkish Airlines — de pousar no país por não cumprirem o prazo de 48 horas para retomar voos.
Paralelamente, os EUA reforçam sua presença militar no Caribe. O país enviou o USS Gerald Ford, o maior porta-aviões do mundo, além de cerca de 15 mil militares — o maior deslocamento americano na região desde a invasão do Panamá, em 1989. Washington afirma que a operação pretende combater o tráfico de drogas.
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, rejeita essa justificativa e diz que Washington tenta derrubá-lo.
Trump declarou que os esforços dos EUA para deter o narcotráfico venezuelano "por terra" começariam "muito em breve".
Desde o início de setembro, forças navais dos EUA realizaram pelo menos 21 ataques contra embarcações que, segundo elas, transportavam drogas no Pacífico e, principalmente, no Caribe. As ações mataram mais de 80 pessoas.
Autoridades americanas não apresentaram provas de que os barcos carregavam entorpecentes, e organizações de direitos humanos classificaram parte das operações como possíveis "execuções extrajudiciais" que violam o direito internacional.
Para o governo venezuelano, a intensificação das ações militares evidencia uma tentativa dos EUA de destituir Maduro — cuja reeleição, no ano passado, foi denunciada pela oposição e por diversos países como fraudulenta.
Washington designou o Cartel de los Soles — que afirma ser liderado por Maduro — como organização terrorista estrangeira, o que amplia os poderes de órgãos de segurança e das Forças Armadas dos EUA para agir contra o grupo.
Caracas "rejeitou categórica, firme e absolutamente" a classificação. Diosdado Cabello, ministro venezuelano do Interior e apontado como um dos principais integrantes do cartel, afirma há anos que a organização é uma "invenção".
O Departamento de Estado dos EUA, porém, insiste que o Cartel de los Soles não só existe como "corrompeu as Forças Armadas, a inteligência, o Legislativo e o Judiciário da Venezuela".
Até o momento, a Casa Branca não respondeu ao pedido de comentário da BBC.
Fonte: BBC Brasil

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