sexta-feira, 3 de outubro de 2025

SERÁ QUE PODEREMOS TER CRIANÇAS SEM MÃE: PESQUISADORES CONSEGUEM CRIAR ÓVULOS DE CÉLULAS DA PELE

Cientistas Criam Óvulos a Partir de Células da Pele, Abrindo Caminho Para Bebês Sem Mães Biológicas

Cientistas desenvolveram uma técnica que permite a criação de óvulos humanos a partir de células da pele, um avanço que pode revolucionar o tratamento da infertilidade e, em teoria, permitir que dois homens tenham um bebê sem o DNA de uma mulher.

O método inovador permitiria que o DNA de células da pele de um homem fosse colocado dentro de um óvulo doador (sem núcleo), antes de ser fertilizado pelo esperma de outro homem. O avanço também é promissor para mulheres que não conseguem produzir óvulos viáveis.

A Nova Técnica: “Mitomeiose”

O desenvolvimento resolve um grande obstáculo em pesquisas anteriores que tentavam usar a “transferência de célula somática” (como uma célula da pele) para criar óvulos.

Células somáticas possuem o número completo de cromossomos (46, ou dois conjuntos), enquanto óvulos normais (gametas) possuem apenas a metade (23, ou um conjunto). Sem intervenção, um óvulo gerado a partir de uma célula da pele teria cromossomos extras.

No novo estudo, a equipe resolveu o problema induzindo um processo chamado “mitomeiose”.

“[Mitomeiose] imita a divisão celular natural e faz com que um conjunto de cromossomos seja descartado, deixando um gameta funcional”, explicaram os pesquisadores.

Em testes, a equipe conseguiu produzir 82 óvulos funcionais. Cerca de 9% deles se desenvolveram até o estágio de blastocisto (a fase em que seriam transferidos para o útero em um tratamento de Fertilização In Vitro – FIV).

Grande Esperança, Mas Com Limitações

Especialistas descreveram a descoberta como um “grande avanço” e um “emocionante teste de conceito”.

“Muitas mulheres são incapazes de ter uma família porque perderam seus óvulos, o que pode ocorrer por uma série de razões, incluindo após o tratamento contra o câncer,” disse o Professor Richard Anderson, Vice-Diretor do Centro MRC para Saúde Reprodutiva da Universidade de Edimburgo, que não participou do estudo. “A capacidade de gerar novos óvulos seria um grande avanço. Este estudo é um passo em direção a ajudar muitas mulheres a ter seus próprios filhos genéticos.”

Apesar do entusiasmo, os pesquisadores notaram limitações importantes. A vasta maioria dos óvulos (91%) não progrediu após a fertilização, e vários dos blastocistos que se desenvolveram apresentaram anormalidades cromossômicas.

A pesquisa ainda precisa de mais testes de segurança e eficácia antes que os ensaios clínicos possam começar.

“Embora este ainda seja um trabalho de laboratório muito inicial, no futuro poderia transformar a forma como entendemos a infertilidade e o aborto espontâneo, e talvez um dia abrir as portas para a criação de células semelhantes a óvulos ou esperma para aqueles que não têm outras opções,” comentou a Professora Ying Cheong, da Universidade de Southampton.

Fonte: Gazeta Brasil



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