Milhões de brasileiros que tomam remédios para azia podem estar em maior risco de infecções bacterianas perigosas, alertam especialistas. Os medicamentos, conhecidos como inibidores da bomba de prótons (IBPs), são amplamente prescritos por médicos e também vendidos sem receita para tratar azia e indigestão.
Os inibidores da bomba de prótons estão entre os medicamentos mais prescritos no Brasil. Estes comprimidos funcionam reduzindo a quantidade de ácido no estômago, aliviando a queimação típica do refluxo ácido. E, embora geralmente considerados seguros, os IBPs, que incluem omeprazol, lansoprazol e pantoprazol, não estão isentos de riscos.
Especialistas alertam há tempos que esses medicamentos podem aumentar as chances de infecção por Clostridioides difficile, também conhecido como C. diff, um agente patogênico que causa diarreia severa e pode ser fatal. No ano passado, um aumento nos casos dessa infecção grave foi registrado no Reino Unido.
Um novo estudo, publicado no The Journal of Infection em maio deste ano, investigou pela primeira vez se doses mais altas dessas pílulas aumentariam ainda mais o risco. A farmacêutica Deborah Grayson, conhecida na plataforma TikTok como a “madrinha da farmacologia”, também alertou sobre o uso exagerado desses medicamentos em um vídeo viral: “É útil ter omeprazol se você tem gastrite ou erosão no esôfago, mas se você tem apenas problemas simples de azia, a longo prazo pode ter impactos maiores no corpo.”
Enquanto o refluxo é desconfortável, o ácido estomacal é essencial para a digestão, ativando a pepsina, uma enzima que decompõe proteínas no intestino, além de ajudar a amolecer os alimentos e proteger contra microrganismos nocivos nos alimentos. “O ácido estomacal reduzido também pode comprometer a barreira natural de defesa do intestino, aumentando a suscetibilidade a infecções como C. diff, campylobacter e crescimento bacteriano excessivo no intestino delgado (SIBO)”, acrescentou Deborah.
No entanto, os pesquisadores por trás da nova revisão disseram que, embora os IBPs estejam associados a um risco maior de C. diff no geral, não há evidências fortes de que tomar doses maiores aumente ainda mais o perigo. Os especialistas apontam que isso serve como um alerta para interromper a prescrição excessiva e manter os pacientes sob revisão. É importante que os pacientes não parem de tomar IBPs de forma repentina sem aconselhamento médico, pois isso pode piorar o refluxo ácido. Qualquer pessoa preocupada com a sua prescrição deve falar com seu médico.
Fonte: O Globo

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