sexta-feira, 8 de agosto de 2025

A FIOCRUZ TAMBÉM VAI PRODUZIR AS CANETAS EMAGRECEDORAS E DO TRATAMENTO DO DIABETES

Canetas emagrecedoras serão produzidas no Brasil em parceria com a Fiocruz

Produção nacional de semaglutida e liraglutida marca avanço tecnológico e pode ampliar acesso a medicamentos usados no tratamento de diabetes e obesidade

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a farmacêutica brasileira EMS anunciaram dois acordos de cooperação para a fabricação em território nacional da semaglutida e da liraglutida, substâncias ativas dos chamados agonistas de GLP-1, amplamente utilizados no tratamento de diabetes tipo 2 e obesidade. Popularmente conhecidos como canetas emagrecedoras, os medicamentos têm tido forte demanda no país, inclusive com uso fora das indicações clínicas aprovadas.

De acordo com nota conjunta, o acordo prevê a transferência de tecnologia da síntese do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) e da formulação final dos medicamentos para Farmanguinhos, unidade técnico-científica da Fiocruz. Inicialmente, a produção será realizada na fábrica da EMS, em Hortolândia (SP), até que a estrutura esteja pronta no Complexo Tecnológico de Medicamentos de Farmanguinhos, no Rio de Janeiro.

“As injeções subcutâneas oferecem uma abordagem de alta eficácia e são consideradas inovadoras para o tratamento de diabetes e obesidade, marcando mais um avanço significativo da indústria nacional no desenvolvimento de soluções de alta complexidade”, destaca o comunicado oficial.

A EMS celebrou o acordo como um “marco histórico para a indústria farmacêutica brasileira”. Já a Fiocruz reforçou que a parceria amplia a capacidade produtiva nacional e fortalece o Complexo Econômico-Industrial da Saúde, além de dar início à produção de medicamentos injetáveis, forma farmacêutica até então não fabricada pela instituição.

Regulação e controle

Diante da popularização das canetas emagrecedoras, sobretudo para fins estéticos e sem prescrição médica, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) determinou um controle mais rigoroso sobre esses medicamentos. Desde junho, farmácias e drogarias são obrigadas a reter a receita médica no momento da venda de produtos com semaglutida, liraglutida, dulaglutida, exenatida, tirzepatida e lixisenatida.

A decisão foi tomada após a Anvisa observar um número crescente de eventos adversos decorrentes do uso sem supervisão médica adequada.

“Especialmente porque foi observado um número elevado de eventos adversos relacionados ao uso desses medicamentos fora das indicações aprovadas pela Anvisa”, informou a agência.

Entidades médicas, como a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica, apoiaram a medida.

“A venda de agonistas de GLP-1 sem receita médica, apesar de irregular, é frequente. A legislação vigente exige receita médica para a dispensação destes medicamentos, porém, não a retenção da mesma [receita] pelas farmácias. Essa lacuna facilita o acesso indiscriminado e a automedicação, expondo indivíduos a riscos desnecessários”, afirmaram em nota.

Uso no SUS ainda está em debate

Enquanto avança a nacionalização da produção, a inclusão da semaglutida no Sistema Único de Saúde (SUS) ainda está em fase de avaliação. Em junho, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) abriu uma consulta pública para ouvir a sociedade sobre a proposta.

A solicitação partiu da farmacêutica Novo Nordisk, fabricante do Wegovy. A Conitec, no entanto, emitiu parecer contrário à incorporação do medicamento, com base no custo estimado de até R$ 7 bilhões em cinco anos, valor considerado inviável para o sistema público de saúde.

O resultado final da consulta pública ainda será analisado para a decisão definitiva da comissão.

Fonte: Agência Brasil



Nenhum comentário: