Veja os produtos perecíveis mais afetados por tarifa dos EUA
Decreto tarifário afeta de maneira direta cadeias produtivas agrícolas, pecuárias e aquícolas que têm os Estados Unidos como destino preferencial
A nova tarifa de importação anunciada pelo governo dos Estados Unidos, que impõe alíquota de 50% sobre todos os produtos originários do Brasil a partir de 1º de agosto, impacta fortemente o comércio de bens perecíveis entre os dois países.
Na prática, o decreto tarifário afeta de maneira direta cadeias produtivas agrícolas, pecuárias e aquícolas que têm os Estados Unidos como destino preferencial. Setores brasileiros alertam para perdas logísticas, queda de competitividade e riscos de paralisação de contratos em andamento. Por outro lado, o Brasil ainda não adotou medidas espelhadas ou retaliatórias para produtos perecíveis importados dos EUA.
Exportações brasileiras de perecíveis afetadas
A tarifa de 50% incide sobre todos os produtos importados do Brasil, sem exceções por tipo de mercadoria ou grau de industrialização. Isso significa que tanto matérias-primas agrícolas quanto itens processados e industrializados estão sujeitos à mesma alíquota. Entre os produtos mais afetados na categoria de perecíveis estão:
Frutas frescas
O Brasil é exportador de diversas frutas tropicais e sazonais para o mercado norte-americano. Os principais itens afetados incluem:
Manga e uva de mesa: respondem por mais de US$ 148 milhões em exportações anuais. Os embarques são concentrados entre agosto e dezembro, o que coincide com a entrada em vigor da tarifa.
Melão, melancia e limão: apresentaram crescimento significativo nas exportações em 2024 e 2025. Esses produtos são consumidos in natura e exigem transporte refrigerado e rápido escoamento, o que torna o custo logístico especialmente sensível a alterações tarifárias.
Banana e abacate: exportados em menor volume, mas com mercado em expansão nos EUA, especialmente no setor de produtos naturais e orgânicos.
Açaí: exportado principalmente na forma de polpa congelada. Sua inclusão na tarifa afeta diretamente micro e pequenas empresas do Norte do país.
Café
O Brasil é o principal exportador de café do mundo e representa cerca de 30% das importações dos Estados Unidos. Com a nova tarifa, o produto passa a enfrentar um custo adicional significativo, que pode ser repassado ao consumidor final ou implicar em perda de mercado para concorrentes como Vietnã, Colômbia e Etiópia.
Suco de laranja
A commodity brasileira mais impactada em termos proporcionais é o suco de laranja concentrado, do qual o Brasil representa até 90% das importações feitas pelos EUA. A tarifa compromete as margens de exportação e ameaça a continuidade das operações de embarque já programadas para a safra 2025/2026.
Pescados
A cadeia da pesca e aquicultura foi uma das primeiras a sentir os efeitos da nova política tarifária. Cerca de mil toneladas de pescado, o equivalente a 58 contêineres refrigerados, estão retidas em portos brasileiros desde o anúncio da medida. Os EUA absorvem aproximadamente 70% das exportações brasileiras de peixes frescos e congelados, com destaque para tilápia e espécies de água doce.
Segundo dados da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), a imposição da tarifa deve elevar os preços internos de pescado nos EUA e provocar redirecionamento das exportações brasileiras para outros mercados, como União Europeia e Oriente Médio.
Importações brasileiras de perecíveis dos EUA
Até o momento, o Brasil não anunciou contramedidas tarifárias específicas em resposta à medida norte-americana. As importações brasileiras de produtos perecíveis originários dos EUA seguem regidas pela Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul. Entre os principais itens importados estão:
Carnes e pescados
Frango congelado e carne bovina desossada: importados em volumes modestos, sobretudo para uso industrial ou regiões de fronteira.
Peixes como salmão e bacalhau: consumidos no mercado interno brasileiro, são tributados com alíquotas entre 2% e 10%, sem aumento anunciado até o momento.
Produtos lácteos
Leite em pó, queijos e creme de leite processado também integram a pauta de importação, mas em volumes reduzidos. As tarifas seguem padrões de regulação sanitária e econômica comuns à zona do Mercosul.
Reciprocidade
Em junho de 2025, o Congresso Nacional aprovou a Lei de Reciprocidade Comercial, que autoriza o governo brasileiro a aplicar tarifas compensatórias e a revisar unilateralmente benefícios tarifários concedidos a parceiros comerciais que impuserem barreiras ao Brasil. No entanto, não houve, até agora, anúncio de retaliações diretas ao setor perecível.
O vice-presidente Geraldo Alckmin, também responsável pela coordenação da política comercial, informou que o governo brasileiro está em contato com representantes do Departamento de Comércio dos EUA e com membros da Câmara de Comércio Brasil-EUA, mas as negociações não resultaram, até agora, em suspensão da tarifa.
Fonte: Congresso em Foco

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