Trump diz que “não está brincando” sobre terceiro mandato e sugere possíveis caminhos
O presidente Donald Trump declarou no domingo que “não está brincando” sobre buscar um terceiro mandato, na indicação mais clara até o momento de que ele está considerando maneiras de contornar uma barreira constitucional que o impede de continuar a liderar o país após o término de seu segundo mandato, no início de 2029.
“Não estou brincando. Existem métodos para fazer isso”, afirmou Trump em uma entrevista por telefone à NBC News.
Ele também ponderou que “é muito cedo para pensar nisso”.
A 22ª Emenda, adicionada à Constituição em 1951 após o presidente Franklin D. Roosevelt ser eleito quatro vezes consecutivas, estabelece que “nenhuma pessoa será eleita para o cargo de presidente mais de duas vezes”.
Kristen Welker, da NBC, questionou Trump se um possível caminho para um terceiro mandato seria o vice-presidente JD Vance concorrer ao cargo mais alto e “depois passar o bastão para você”.
“Bem, essa é uma”, respondeu Trump. “Mas há outras também. Há outras.”
“Você pode me contar outra?”, Welker perguntou na entrevista matinal, antes de Trump deixar seu resort em Mar-a-Lago para passar o dia em seu campo de golfe nas proximidades.
“Não”, respondeu Trump.
O gabinete de Vance não respondeu imediatamente a um pedido de comentário da Associated Press.
Derek Muller, professor de direito eleitoral em Notre Dame, observou que a 12ª Emenda, ratificada em 1804, afirma que “nenhuma pessoa constitucionalmente inelegível para o cargo de Presidente será elegível para o cargo de Vice-Presidente dos Estados Unidos”.
Muller disse que isso indica que, se Trump não for elegível para concorrer à presidência novamente por causa da 22ª Emenda, ele também não será elegível para concorrer à vice-presidência.
“Não acho que haja nenhum ‘truque estranho’ para contornar os limites de mandato presidencial”, afirmou Muller.
Além disso, buscar um terceiro mandato exigiria uma concordância extraordinária de autoridades federais e estaduais, sem mencionar os tribunais e os próprios eleitores.
Ele sugeriu que Trump está falando sobre um terceiro mandato por razões políticas, para “mostrar o máximo de força possível”.
“Um presidente em transição como Donald Trump tem todos os incentivos do mundo para fingir que não é um presidente em transição”, disse ele.
Trump, que completaria 82 anos ao final de seu segundo mandato, foi questionado se ele gostaria de continuar exercendo “o trabalho mais difícil do país” naquele momento.
“Bem, eu gosto de trabalhar”, disse o presidente.
Ele deu a entender que os americanos estariam dispostos a aceitar um terceiro mandato por causa de sua popularidade. Ele alegou falsamente ter “os maiores números de pesquisas de qualquer republicano nos últimos 100 anos”.
Dados da Gallup mostram que o presidente George W. Bush atingiu um índice de aprovação de 90% após os ataques de 11 de setembro de 2001. Seu pai, o presidente George H.W. Bush, atingiu 89% após a Guerra do Golfo em 1991.
Trump atingiu uma alta de 47% nos dados Gallup durante seu segundo mandato, apesar de afirmar estar “na casa dos 70% em muitas pesquisas, em pesquisas reais”.
Trump já havia discutido a possibilidade de cumprir mais de dois mandatos, muitas vezes em tom de brincadeira diante de plateias favoráveis.
“Posso concorrer de novo?”, ele perguntou durante um retiro republicano na Câmara em janeiro.
Representantes dos líderes do Congresso — o presidente da Câmara Mike Johnson (republicano pela Louisiana), o líder democrata da Câmara Hakeem Jeffries (democrata por Nova York), o líder da maioria no Senado John Thune (republicano por Washington) e o líder democrata no Senado Chuck Schumer (democrata por Nova York) — não responderam imediatamente aos pedidos de comentários da AP.
Fonte: Agência AP
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