domingo, 2 de fevereiro de 2025

MOTORISTA RECEBE VALOR MILIONÁRIO EM SUA CONTA POR ERRO BANCÁRIO: DEVOLVE O VALOR INTEGRALMENTE E AGORA COBRA INDENIZAÇÃO DE RECOMPENSA DE 10% DO BRADESCO

Motorista que recebeu R$ 131 milhões por engano e devolveu processa banco e pede 10% do valor como recompensa

Antônio Pereira do Nascimento, motorista de Palmas que ficou conhecido após receber por engano quase R$ 132 milhões na conta, está processando a instituição bancária que fez a transação. Ter ficado 'milionário por um dia' trouxe consequências que, mesmo passados mais de um ano e meio, ainda afetam o cotidiano e giram em torno de abalos emocionais e cobranças indevidas.

O caso aconteceu em junho de 2023, quando o motorista percebeu que sua conta tinha a quantia milionária de R$ 131.870.227,00. Correntista do Bradesco há 25 anos, ele avisou que o total transferido para a conta não era dele e que deveria fazer o estorno.

O Bradesco foi questionado sobre o processo e informou que não comenta caso sub judice.

Conforme foi apurado na época, o erro foi do próprio banco, que deveria fazer a transferência para outra instituição. Por isso, a ação pede um pagamento e R$ 13.187.022,00 (mais de treze milhões) por direito de recompensa e mais R$ 150 mil de indenização por danos morais.

O Escritório Coelho e Franco Advogadas Associadas, que representa o motorista na ação, informou que analisou detalhadamente o caso e tem plena convicção de que ele se enquadra no direito à recompensa previsto em lei e que levou a questão ao judiciário para reconhecer o direito à recompensa no mundo digital, já que a devolução ocorreu de forma voluntária. Também destacou que a quantia não pertencia a terceiros, mas sim à instituição.

O dinheiro foi devolvido e o saldo da conta de Antônio voltou ao normal na época, contendo os R$ 227 que ele tinha antes de toda a confusão.

Apesar de o problema ter se resolvido para o banco responsável pelo erro, Antônio enfrentou diversos problemas mesmo tendo agido com honestidade. Segundo ação inicial movida contra o Bradesco, a defesa do motorista alega que ele sofreu pressão psicológica por parte do gerente da agência para que o dinheiro fosse devolvido, mesmo que isso tenha partido do próprio Antônio.

"[...] Imediatamente, comunicou o Banco do Bradesco sobre o erro, informando que devolveria os valores no dia seguinte devido ao horário de funcionamento das agências. O gerente do Banco Réu iniciou uma pressão psicológica sobre o Autor, insinuando a presença de “pessoas” na porta de sua casa para aguardar a devolução do valor, tratando o Autor como um criminoso", destacou os advogados do motorista em trecho do documento que está tramitando na 6ª Vara Cível de Palmas.

A situação, segundo a defesa, gerou 'abalos emocionais e constrangimentos' a Antônio durante a resolução do problema. Além disso, a grande proporção midiática que o caso alcançou levou à 'especulações e exposição de sua vida íntima', do motorista e da família dele.

Outro ponto levantado pelos advogados que assinam a peça inicial do processo contra o Bradesco é que como o banco fez a transferência para a conta do motorista em outra instituição, ele teve uma tarifa bancária aumentada automaticamente, sem nenhum aviso prévio.

Direito a recompensa

Pela devolução da transferência milionária após atitude de honestidade, a defesa alega que Antônio tem direito ao percentual de de 10% do valor que foi encontrado em sua conta bancária e devolvido.

O pedido é baseado no artigo 1.234 do Código Civil, que determina que em caso de restituição de coisa achada, a pessoa tem direito a uma recompensa não inferior a 5% do montante. Nesse sentido, o valor pedido ultrapassa R$ 13 milhões.

Já a indenização por danos morais diz respeito às consequências emocionais causadas ao motorista desde que descobriu a quantia milionária em sua conta, já que ele ficou "extremamente assustado e preocupado com as possíveis consequências da apropriação involuntária de um valor tão alto".

"Esse episódio gerou um trauma considerável, pois o Autor, uma pessoa simples, religiosa e avessa a exposições públicas, passou a temer pela sua segurança e a de sua família", diz trecho da ação.

Por mais essa falha do banco, o pedido é no valor de R$ 150 mil por danos morais.

O caso corre na Justiça desde julho de 2024 e está marcada para o dia 18 de fevereiro deste ano uma audiência de conciliação entre as partes, por meio de sistema de videoconferência.

Fonte: g1.com


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