C&a, Coca, Avon, Nestlé e outras 29 empresas são suspeitas de criar cartel para trocar informações sobre trabalhadores
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) iniciou uma investigação envolvendo 33 empresas multinacionais, incluindo gigantes de tecnologia como IBM Brasil, Siemens Energy, Claro e Philips do Brasil. A investigação apura suspeitas de formação de cartel no mercado de trabalho, com indícios de troca de informações comerciais confidenciais, como salários e benefícios, entre as companhias, afetando milhares de trabalhadores.
A investigação foi desencadeada após um acordo de leniência, que forneceu indícios de infrações à ordem econômica. Segundo o Cade, as empresas participavam de grupos como o Grupo Executivo de Salários (GES) e o Grupo Executivo de Administradores de Benefícios (GEAB), onde eram compartilhados dados sistemáticos sobre remuneração e incentivos trabalhistas. As trocas de informações ocorreriam tanto em encontros presenciais quanto virtuais, especialmente após a pandemia de Covid-19.
Além de discutir salários, esses encontros abordavam temas como plano de saúde, transporte, educação e até dados de empregados em licença ou férias. O Cade afirma que o uso de canais digitais, como o WhatsApp, facilitou a disseminação dessas informações entre as empresas.
A prática é vista pelo Cade como uma forma de impedir que trabalhadores recebam propostas mais vantajosas de outras empresas, restringindo sua mobilidade e prejudicando a concorrência entre empregadores. O órgão classifica a conduta como formação de cartel, já que envolve a fixação de “preços da mão de obra”, o que viola a legislação de livre mercado.
Se a irregularidade for confirmada, as empresas podem ser penalizadas com multas de até 20% do faturamento anual. O Cade ressalta que acordos dessa natureza estabelecem padrões artificiais para a remuneração dos trabalhadores, eliminando incentivos à competição saudável por talentos.
Fonte: O Poti News
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