terça-feira, 25 de abril de 2023

VIROSES LOTAM UBS's UPA's E HOSPITAIS PARTICULARES NO RIO GRANDE DO NORTE

Virose faz busca por atendimento aumentar 48% nas UPAs do RN

A superlotação nas unidades de saúde do RN tem provocado espera de até cinco horas e muita reclamação por parte da população. Sintomas relacionados a viroses são as principais queixas dos pacientes, que relatam febre, dor no corpo, tosse, coriza, diarreia e cólica. De acordo com os representantes da saúde do RN, o aumento na procura por atendimento é comum para a época devido à sazonalidade das doenças respiratórias. A procura cresceu 48,1% neste mês, quando os atendimentos passaram dos habituais 270 para 400 pessoas por dia, de acordo com a SMS.

A aposentada Vera Lúcia Bezerra, de 70 anos, aguardou cerca de três horas por um atendimento na UPA de Pajuçara, na zona Norte da capital. “É uma humilhação muito grande. Sou idosa, tô sentindo febre, falta de apetite, dor no corpo e acho que é um desrespeito muito grande essa espera. Tive que vir aqui porque no postinho perto de onde eu moro não tem médico. Vim por que já estou nessa há quatro dias, sem me alimentar direito e estou suspeitando que seja essa virose que todo ano aparece”, desabafa.

Na porta da unidade, um aviso já alerta sobre a limitação dos atendimentos. Apenas os casos classificados como “urgência” e “emergência” estavam sendo acolhidos sob a justificativa de que os profissionais da enfermagem estavam em greve. “O atendimento será apenas para classificações vermelho e amarelo”, dizia a placa fixada na entrada da UPA. “A gente chegou aqui de 7h e ainda não fui atendida, sou idosa e para mim é muito difícil ter que ficar saindo de casa para passar uma humilhação dessa aqui”, completa Vera Lúcia Bezerra, moradora do loteamento José Sarney.

A cuidadora Talita Noemi foi outra que teve dificuldades. Ela buscou atendimento para o filho de 7 anos, que tem sintomas gripais. “Moro no Santa Catarina, fui na UPA de Potengi e lá estava cheio demais, muita criança doente, com sintoma, não consegui ser atendida lá e tive que vir para cá na UPA de Pajuçara”, denuncia. Além disso, ela reclama de truculência por parte dos profissionais. “O médico lá na UPA Potengi foi terrível, não quis atender o meu filho, disse que não tinha necessidade de vir, fez até algumas falas desrespeitosas”, comenta.

Na UPA Potengi, o cenário de superlotação se repete e também prejudica quem busca outros tipos de atendimento, caso do aposentado Roberto da Silva, de 73 anos, que buscou ajuda médica para retirar os pontos de uma cirurgia. “Cheguei aqui de 7h e já vai dar quase 12h e até agora não começaram nem a chamar. É um absurdo muito grande. Tem muita gente aqui com virose, tossindo e é até um perigo ficar aqui esperando. Tô aqui com uns pontos para retirar e não sei se vou ser atendido. Não desejo isso para ninguém”, afirma o aposentado.

Para tentar suprir a demanda, a prefeitura vem fazendo plantões nos feriados e aos fins de semana. As UPAs de Cidade da Esperança e Pajuçara funcionarão das 7h as 19h para atender adultos com sintomas gripais leves, como febre de até 38 graus, tosse seca não persistente e dor no corpo ou nas articulações. Segundo a prefeitura, a ideia é desafogar as UPAs, agilizando o diagnóstico de pacientes que não apresentam casos urgentes.

“Neste período do ano há o aumento na circulação de vírus respiratórios na cidade, também acontece a proliferação de mosquitos que podem causar diversas doenças como dengue, zika e chikungunya. Estamos montando essa estratégia para facilitar o acesso das pessoas que apresentam casos leves e que não precisem de atendimento de urgência e emergência, amenizando assim o tempo de espera desses usuários”, afirma o secretário municipal de Saúde de Natal, George Antunes.

A infectologista Marise Reis explica que com a chegada do período chuvoso, é comum que os natalenses percebam o aumento das viroses e procurem atendimento médico com mais frequência. Além da influenza e da covid, Marise estende o alerta para a virose da mosca, outra doença muito comum para a época. As chuvas também contribuem para a proliferação das moscas, que podem hospedar vírus e bactérias facilmente transmissíveis para os humanos por meio de alimentos, água e utensílios.

“Nessa época do ano, de chuvas, é muito comum que nós tenhamos circulando vírus respiratórios e vírus entéricos. Os respiratórios vão causar sintomas gripais e os entéricos vão causar alterações intestinais, como vômitos, diarreia, dor abdominal. As pessoas acabam se contaminando porque nesse período a quantidade de moscas é maior”, diz a especialista.

Fonte: Tribuna do Norte


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