sexta-feira, 18 de novembro de 2022

BOLSONARISTAS ATACAM OFICIAIS DAS FORÇAS AMADAS E OS CHAMAM DE 'GENERAIS-MELANCIAS'

Bolsonaristas culpam generais por impedir um golpe, e Exército vê ataque covarde

Os bolsonaristas dizem que os oficiais são "generais-melancias" porque seriam "verdes por fora e vermelho por dentro", em uma falsa referência de que os militares apoiariam Lula

Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) passaram a acusar, em mensagens em grupos de WhatsApp, cinco generais do Alto Comando do Exército de não apoiarem os pedidos de golpe das Forças Armadas para impedir a posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

No texto, os bolsonaristas dizem que os oficiais são “generais-melancias” porque seriam “verdes por fora e vermelho por dentro”, em uma falsa referência de que os militares apoiariam Lula.

“Dos dezenove [são 16 generais quatro estrelas, na verdade], estes cinco não aceitam a proposta do povo. Querem que Lula assuma, já se acertaram com ele”, diz o texto, acompanhado da foto dos militares.

A mensagem irritou generais do Alto Comando do Exército, que passaram na manhã de quarta-feira 16 a conversar entre si e com o comandante da Força, general Freire Gomes, para tentar desmentir a informação.

A avaliação, segundo relatos de dois generais, é que os colegas de farda passariam a ser alvo dos manifestantes e ficariam expostos se a mensagem fosse recebida sem desconfiança pelos apoiadores de Bolsonaro que estão acampados nos quartéis-generais.

Um general afirmou à reportagem que a intriga também preocupa porque pode causar uma pequena mancha na imagem do Exército para um público que tem as Forças Armadas em grande estima.

Para reduzir o impacto da mensagem, o comandante Freire Gomes mandou o chefe do Centro de Comunicação do Exército, general José Ricardo Vendramin, escrever um comunicado para todos os militares da Força.

Os atos antidemocráticos em frente aos quartéis-generais têm sido entendidos no Exército como uma insatisfação legítima com um pedido ilegítimo.

A insatisfação seria com a forma como o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) conduziu as eleições e por medidas consideradas autoritárias do ministro Alexandre de Moraes, segundo a leitura de seis generais ouvidos nas duas últimas semanas pela Folha de S. Paulo.

De acordo com os relatos, o consenso na cúpula do Exército é que o pedido de intervenção militar ou federal não será atendido por representar um golpe à democracia.

Para os generais, apesar dos cartazes pedindo golpe militar, os manifestantes não querem uma intervenção, e sim que o Legislativo use sua função constitucional para conter eventuais excessos cometidos pelo Judiciário.

Fonte: AgoraRN


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