sábado, 9 de julho de 2022

BRASIL PRIVATIZA CONTROLE DE SUA GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA ENQUANTO A FRANÇA REESTATIZA

Enquanto Brasil privatiza, França vai nacionalizar maior empresa de energia elétrica do país

Governo francês quer retomar controle total de companhia energética em busca de soberania

Dias depois de o governo brasileiro privatizar a Eletrobras, o governo francês anunciou que vai nacionalizar a maior geradora de energia elétrica da França. Enquanto o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) se desfaz da maior companhia elétrica da América Latina, a França ruma no sentido completamente oposto para garantir sua soberania.

Justamente citando a soberania foi que a primeira-ministra da França, Élisabeth Borne, anunciou na quarta-feira (6) a reestatização da Électricité de France (EDF). O governo francês já detém 84% das ações da companhia – ou seja, é sócio-controlador da empresa. Ainda assim, quer ter 100% do capital da EDF.

Segundo Borne, a retomada das ações da EDF postas à venda na Bolsa de Valores de Paris em 2005 é necessária para realizar “ambiciosos e indispensáveis” projetos para o futuro energético da França. Parte desses projetos visa tornar a matriz energética francesa mais sustentável e menos dependente do gás importado da Rússia, país que está em guerra contra a Ucrânia desde fevereiro.

Por conta da guerra, o custo da energia na França subiu. O governo interveio para tentar segurar os preços. A intervenção, contudo, foi limitada já que a EDF atualmente tem capital misto, característica que o presidente francês, Emmanuel Macron, resolveu mudar.

Para recomprar a parte das ações da EDF nas mãos de investidores privados, o governo francês terá de gastar cerca de 5 bilhões de euros. Considerando a cotação atual da moeda, seriam mais de R$ 27 bilhões.

Já o governo brasileiro recebeu cerca de R$ 30 bilhões para se desfazer do controle da Eletrobras, privatizada no mês passado. A União detinha cerca de 70% das ações com direito a voto da empresa. Na contramão do que fez a França, o governo Bolsonaro optou por reduzir sua participação na companhia a cerca de 40%, cedendo espaço sobre as decisões da empresa, inclusive para investidores estrangeiros.

Membros do governo Bolsonaro também têm defendido a privatização da Petrobras, outra estatal brasileira do ramo de energia. A venda do controle da empresa está oficialmente em estudo no Ministério da Economia. Hoje, 45% das ações da petroleira são de estrangeiros.

“Nós estamos indo na direção contrária da França e do mundo”, afirmou economista André Roncaglia, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “Há dezenas de empresas mundo afora que estão sendo reestatizadas pelos seus respectivos governos exatamente para garantir o abastecimento de um bem essencial e estratégico, que é a energia. Nós estamos indo para a internacionalização.”

Deyvid Bacelar, coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP) ratificou que o Brasil caminha na contramão do mundo.

Fonte: Brasil de Fato


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