Dono da Itapemirim fez fortuna com a compra de empresas à beira da falência
Ex-proprietários de empresa acusam empresário de aplicar golpe e dar calote em credores
O empresário Sidnei Piva de Jesus, dono da empresa Ita Transportes Aéreos – que abandonou diversos clientes nos aeroportos do país às vésperas das viagens de fim de ano -, teria adquirido e administrado de modo predatório outras companhias em processo de falência. Ex-proprietários de outras empresas compradas por Sidnei o acusam de aplicar golpes.
Em suas negociações, Sidnei costuma atuar em parceria com dois outros empresários: Camila Valdívia e Milton Rodrigues. O trio já foi processado várias vezes por empresários e credores. Apenas no Tribunal de Justiça de São Paulo, o nome Sidnei Piva de Jesus aparece em 60 processos, Camila em mais 27 e Milton Rodrigues em 25.
De acordo com o advogados Fernando Barros, que representa os ex-proprietários da Matrizaria Morillo, fabricante de estampas e matrizes de metal, o método de Sidnei e seus parceiros consistiria em desviar recursos através da venda e transferência de patrimônios de empresas à beira da falência após comprá-las por baixos valores – que não seriam sequer integralmente pagos — e descumprir os contratos de compra ao manter os antigos proprietários como responsáveis por dívidas acumuladas antes e depois da aquisição.
Sidnei e seus companheiros também ocultariam seus patrimônios e de suas empresas para inviabilizar a cobrança de dívidas, mesmo após decisões judiciais. Além disso, outro método do trio seria o de criar argumentos falsos e discussões teóricas que demoram anos para serem resolvidos na Justiça. Assim, mesmo que o trio perca os processos, tem tempo de sobra para manobrar os recursos e dificultar a reparação de danos.
Para o representante legal da Matrizaria Morillo não há dúvidas de que os ex-proprietários da empresa foram vítimas de golpe. Ele acredita ainda que as evidências sugerem que as práticas são premeditadas, dado o histórico de Sidnei com outras empresas.
No último dia 19, a CNN mostrou as suspeitas levantadas durante o processo de compra do Grupo Itapemirim, que já estava em processo de recuperação. Ex-proprietários da empresa acusam Sidnei de ter corrompido um juíz para validar um documento que alterou os quadro societários da empresa, dando a ele acesso aos bens imóveis do grupo.
No caso da Matrizaria Morillo, em 2015, Sidnei teria firmado um compromisso de compra das ações da empresa no valor de R$ 13 milhões de reais e garantido que assumiria todas as dívidas, de forma que os antigos proprietários não seriam mais os responsáveis por eventuais cobranças. No entanto, Sidnei pagou apenas a primeira parcela do acordo, no valor de R$ 200 mil.
Após assumir os negócios, Sidnei e seus parceiros teriam transferido o controle da Matrizaria para “laranjas” e passado a administrar a empresa de modo predatório. Eles teriam vendido os equipamentos e propriedades da empresa, dado calote nos credores e contraído novas dívidas.
Além disso, teriam mantido os antigos proprietários como responsáveis legais da dívida, motivo pelo qual continuaram a receber cobranças. O processo dos ex-proprietários contra Sidnei tem valor de R$ 20 milhões e ainda não tem data de julgamento.
Segundo Fernando Barros, os ex-proprietários da Morillo sabem que é difícil reaver a empresa e o prejuízo e, por isso, não têm muitas esperanças, mas confiam na justiça.
“A intenção dos ex-proprietários ao abrir o processo foi também para mostrar que foram vítimas e evitar que isso se repita com outras pessoas. Não se trata apenas de recuperar o que foi perdido”, destacou o advogado.
O caso Transbrasiliana
Em novembro de 2017, Sidnei e seus sócios perderam o controle da Transbrasiliana Transporte e Turismo, também conhecido como Grupo TTT, adquirida pelo trio pouco depois da compra da Itapemirim. A decisão foi do juiz Aureliano Albuquerque Amorim, da 4ª Vara Cível de Goiânia, que afirmou que Sidnei agia de modo contrário à recuperação do Grupo TTT.
Fonte: CNN/Agora RN
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