Bolsonaro volta a atacar o STF, fala em medidas que lembram a ditadura, mas pede diálogo
O presidente Jair Bolsonaro voltou nesta quinta-feira (19) a criticar membros do STF (Supremo Tribunal Federal), ao citar inquéritos abertos contra ele na corte e no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
"Não se pode abrir um processo contra o presidente da República sem ouvir o Ministério Público, isso é ditadura", afirmou Bolsonaro em Cuiabá, onde desembarcou pela manhã para participar da entrega de equipamentos agrícolas para comunidades indígenas.
"Quem age dessa maneira não é digno de estar dentro daquela corte. Me submeto sem problemas a qualquer processo legal, já estipularam até pena para mim por ser contra atualmente à maneira de se fazer eleições", acrescentou.
Nesta quinta-feira, após os novos ataques, Bolsonaro pediu abertura ao diálogo para quem quiser conversar, citando nominalmente os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, além do corregedor-geral da Justiça Eleitoral, Luis Felipe Salomão.
"Vamos chegar num acordo. Toda vez que há um problema, mexe no dólar, mexe no preço do combustível, tem inflação, tem dor de cabeça para o povo todo, em especial o mais pobre e humilde, é pedir muito o diálogo? Da minha parte nunca vou fechar as portas para ninguém."
A crise entre os Poderes ganhou um novo capítulo no último sábado, quando Bolsonaro falou em protocolar no Senado denúncias contra os ministros Moraes e Barroso, esse último presidente do TSE.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), porém, a quem cabe dar esse encaminhamento, já disse que o tema não faz sentido neste momento e indicou que irá engavetá-los caso o presidente mantenha a promessa de formalizar as ações contra os ministros do Supremo.
O STF analisa atualmente cinco inquéritos que miram o presidente Jair Bolsonaro, seus filhos ou apoiadores na área criminal. Já no TSE tramitam outras duas apurações que envolvem o chefe do Executivo.
No evento desta quinta-feira em Cuiabá, o presidente também criticou a decisão do TSE, que, a pedido da Polícia Federal, bloqueou o repasse de valores pelas plataformas via monetização para canais de apoiadores bolsonaristas investigados.
"Daqui a pouco os TREs [Tribunais Regionais Eleitorais] vão fazer a mesma coisa. O TRE, que é mais ligado com governadores, vai perseguir aqueles que apoiam ou têm uma visão diferente da candidatura daquele governador", disse o presidente.
Bolsonaro afirmou ainda que Moraes deveria ser o "primeiro a ser investigado por fake news" por ter jurado respeito à Constituição e às garantias e liberdades individuais quando foi sabatinado por senadores ao ser escolhido para uma vaga no STF, em 2017.
"Sou acusado de fazer exatamente aquilo que eles querem fazer e estão fazendo", disse o presidente citando a decisão do TSE de intervir sobre a verba de canais bolsonaristas. Ele ainda afirmou que até amanhã deve entrar na Justiça contra a decisão.
Citando exemplos do Afeganistão, da Venezuela e de Cuba, Bolsonaro afirmou ainda que o que está em jogo no Brasil é a nossa liberdade e que, por isso, acompanhará o protesto marcado para o feriado de 7 de Setembro, na avenida Paulista, em São Paulo.
Fonte: Folha de São Paulo
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