terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

INÍCIO DE ANO LEGISLATIVO EM BRASÍLIA DEMONSTRA ESQUERDA FRACA E PODER DO PALÁCIO DO PLANALTO

Implosão de aliança pró-Baleia expõe dificuldade em criar frente ampla para 2022

Além de reforçar o capital político do presidente Jair Bolsonaro e dividir a centro-direita, a eleição de Arthur Lira (Progressistas-AL) como presidente da Câmara dos Deputados e Rodrigo Pacheco (DEM-MG) para presidir o Senado deixou fissuras na tentativa de reconstruir pontes entre os partidos e formar uma frente ampla contra o bolsonarismo em 2022. Há desconfianças de lado a lado no espectro político. Articuladores dessa frente se questionam se as intenções vão esbarrar em personalismos e interesses fisiológicos dos parlamentares para atender suas bases eleitorais.

Escolhido para representar “a independência e a democracia”, o deputado Baleia Rossi (MDB-SP) viu sua aliança ruir às vésperas da eleição, com uma série de reviravoltas, traições e debandadas no bloco de apoio. Avalizado pelo então presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), Baleia era apoiado por partidos de centro, de esquerda e de direita. Fez campanha com DEM, PSDB, MDB, PSL, Solidariedade, PV, Cidadania, PT, PDT, PSB, PCdoB e Rede. Mas foi às urnas formalmente sem dois deles (DEM e PSL) – e sem amparo parlamentar majoritário em outros dois (PSDB e Solidariedade). O bloco reúne 211 parlamentares, mas Baleia teve apenas 145 votos, contra 302 de Lira.

Na esquerda, PSB e PDT tiveram deputados cooptados pelo Planalto. A ala mais forte do PSB, baseada em Pernambuco, e o próprio prefeito de Recife, João Campos, trabalharam para virar votos em favor de Arthur Lira.

No Senado, o revés para a frente ampla era ainda mais prenunciado. A candidata adversária de Pacheco, Simone Tebet (MDB-MS), foi rifada pelo próprio partido e concorreu sozinha. Ela não conseguiu agregar nem os partidos de esquerda em torno de seu nome. PT, PDT e Rede apoiaram abertamente o candidato bolsonarista eleito.

Fonte: Estadão News


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