terça-feira, 26 de janeiro de 2021

SUPOSTO MOTORISTA DA TRAGÉDIA DO BALDO NO CARNAVAL DE 1984 É PRESO MENDIGANDO EM NATAL

Imagem de Aluízio na época do acidente

Tragédia do Baldo: após 37 anos do crime, motorista que matou 19 foliões em Natal é preso

Era por volta das 0h50 da madrugada do dia 25 de fevereiro de 1984, quando o Carnaval na cidade de Natal terminou em tragédia. O motorista de ônibus Aluízio Farias Batista, da empresa Guanabara, atropelou integrantes e acompanhantes da banda Puxa Saco, que desfilavam pela avenida Rio Branco, logo após o viaduto do canal do Baldo. Ao todo, 19 pessoas morreram e 12 ficaram gravemente feridas. Passados quase 37 anos da tragédia, o autor do crime ainda permanecia foragido. Até que, nesta terça-feira (26), o Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar conseguiu prender o homem suspeito de ser o motorista que provocou o atropelamento.


Segundo a PM, os policiais chegaram até o suspeito após uma denúncia anônima informando que ele, atualmente, era morador de rua. Ele foi encontrado em uma casa abandonada no bairro Neópolis, na zona sul da capital. O homem, que hoje tem 63 anos, se apresentou com outro nome, mas logo em seguida confessou se chamar Aluízio. Ele foi detido pelos policiais e encaminhado para a Central de Flagrantes. Como estava sem documentos, o homem deve passar por exames no Instituto Técnico-Científico de Perícia (Itep) para fazer a identificação oficial e, comprovada a identidade, ser levado ao sistema prisional em seguida.

Aluízio hoje no momento da prisão

A tragédia

Conhecido como Tragédia do Baldo, o caso é bastante emblemático e ganhou destaque nacional devido à impunidade que perdurou durante tantas décadas. De acordo com as investigações, Aluízio teria atropelado propositalmente os foliões que circulavam mais precisamente na parte mais baixa de uma ladeira, uma espécie de divisão entre a avenida Coronel Estevam, no bairro do Alecrim, e a avenida Rio Branco, no bairro da Cidade Alta. Segundo relatos, o motivo da fúria teria sido o fato do motorista saber que teria que trabalhar além do expediente para transportar integrantes da Escola Malandros do Samba, do bairro do Alecrim até o bairro das Rocas.

Relatos também apontam que o motorista teria se desentendido com alguns componentes da escola de samba que estavam dentro do ônibus. De acordo com a denúncia, Aluízio teria conduzido o veículo em alta velocidade pelo percurso e, no trecho sob o Viaduto do Baldo, ao fazer a curva antes da descida, teria batido a traseira do ônibus, próximo à porta de desembarque, na lateral dianteira de um Volkswagen Fusca, que estava estacionado no canteiro. A batida mudou a trajetória do ônibus, jogando-o para cima do bloco Puxa Saco, que passava naquele momento do outro lado da avenida. Após isso, o motorista fugiu e apareceu novamente somente para prestar depoimento. Em seguida, fugiu novamente, ficando desaparecido pelos últimos 37 anos. 

Em depoimento, Dickson Medeiros, que era presidente do bloco naquela época, contou que a avenida se tornou um mar de sangue. O ITEP, em laudo, não encontrou nenhum problema mecânico no ônibus. Porém, no histórico do motorista, havia registros de direção perigosa e de um atropelamento que vitimou uma mulher quatro anos antes. 

O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJRN) condenou Aluízio Batista a 21 anos de prisão por homicídio duplamente qualificado pela morte das 19 pessoas. O motorista foi localizado, após 37 anos, pela Polícia Militar do RN, e encaminhado para o sistema prisional. Há um mandado de prisão contra ele com validade até 2029.

Fonte: Jornal da Tropical


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