quinta-feira, 26 de março de 2020

MIGALHAS ACERTA NO ALVO

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EDITORIAL DO SITE MIGALHAS

O que se viu ontem com a trapalhada governamental é o sintoma de uma desafinação. O presidente Bolsonaro se elegeu num momento em que o país se estabilizava após dois anos de Temer; amorfos, mas plácidos (sobretudo se comparados com os tempos atuais). Na época, havia a expectativa de que o ambiente político era favorável para entoar os acordes das tais reformas estruturantes. A charanga foi montada pensando assim, tendo como crooner o ultraliberal Paulo Guedes. Esse era o cenário. Era. Em três meses, como se viu, tudo pode mudar. Bolsonaro e sua equipe destoam do novo quadro.

De fato, eles parecem músicos trajados à fantasia numa festa a rigor. Ou seja, não combinam. Ou, como diria o outro, não ornam mais. A maior prova desse destom é o fato de que a dupla Guedes-Bolsonaro achou que podia, sem falar com ninguém, mandar uma MP trabalhista com aqueles termos macabros, suspendendo contrato de trabalho por quatro meses, e que, vamos e venhamos, na prática significava uma demissão com a postergação para pagar os haveres. E como ninguém quer assumir a autoria do fabordão, não tardou que Bolsonaro colocasse a culpa em Guedes pelo teor da Medida Provisória, como se ele próprio fosse um inimputável que assina sem ler (o que, pelo visto, é o que acontece).

Mas o fato é esse: ambos foram chamados a tocar tango, e agora o público pede para tocar Raul. Como possuem repertório pobre, vão gaiteando qualquer coisa. Ao final, salvaram-se todos, menos o arremedo de crooner, que já está com data de validade vencida e, ao contrário do maestro, não recebeu nenhum voto sequer para ocupar a investidura.


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