Com Exército sob novo comando, generais apostam em início rápido de apuração contra militares em atos golpistas
Visto como 'legalista', 'cumpridor de normas' e 'discreto', Tomás Ribeiro Paiva é avaliador como capaz de avançar em sindicâncias e inquéritos, afirma oficiais .
Generais que conhecem o novo comandante do Exército, Tomás Ribeiro Paiva, apostam que ele não vai demorar a abrir discussões internas contra militares que participaram das invasões ao Palácio do Planalto, Congresso e Supremo Tribunal Federal ( STF ). A necessidade de apuração foi expressa pelo presidente Luiz Inácio Lula e tornou-se uma das razões do desgaste que culminou na saída de Júlio Cesar de Arruda da chefia da Força .
Em conversas no generalato logo após o anúncio da troca — Paiva estava à frente do Comando Militar do Sudeste —, o novo comandante foi avaliado como “legalista”, “cumpridor de normas” e “discreto”. Na semana passada, em uma cerimônia militar, Paiva fez um discurso enfático em “respeito ao resultado das urnas”.
— Eu não tenho dúvida nenhuma de que ele vai mandar apurar todos os atos atentatórios à disciplina, abrindo inquéritos e sindicâncias. Quem cometeu transgressão disciplinar vai ser punido à luz do regulamento do Exército ou responder por crime, se for crime. Se for crime militar, vai responder na Justiça Militar. Se for crime comum, na Justiça comum. Ser militar é ser profissional — disse ao GLOBO o general Juarez Cunha, que presidiu os Correios e foi demitido pelo então presidente Jair Bolsonaro em junho de 2019.
O general Paulo Chagas segue a mesma linha e diz que o novo comandante do Exército cumprirá as punições necessárias. O oficial lembra o caso do ex-ministro Eduardo Pazuello, que, enquanto ainda estava na ativa, foi um ato a favor de Bolsonaro. Apesar de contrariar a norma do Exército, o episódio não rendeu punição, o que provocou um enorme desgaste à Força.
— Sobre os militares da ativa ou da reserva que, porventura, cometeram crimes ou transgressões disciplinares nas manifestações do dia 8, o traje das Forças Armadas é julgado com isento cada caso e punir de acordo com os regulamentos e códigos militares. Não acredito que seja diferente agora, embora, aparentemente, possa ter ocorrido um precedente no caso do general Pazzuello.
Fonte: O Globo
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