sábado, 26 de junho de 2021

NA CPI DA COVID-19 EM BRASÍLIA TEM CHUVA DE ACUSAÇÕES DOS IRMÃOS MIRANDA

Bolsonaro atribuiu suspeitas da compra de Covaxin a ‘rolo’ de Ricardo Barros, diz Miranda

Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, o deputado Luis Miranda (DEM-DF), disse que o presidente Jair Bolsonaro citou o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (Progressistas-PR) como o parlamentar que queria fazer “rolo” no Ministério da Saúde.

Miranda e seu irmão Luís Ricardo Fernandes Miranda, servidor de carreira do ministério, confirmaram à CPI ter avisado Bolsonaro, há três meses, sobre suspeitas de corrupção na compra da vacina indiana Covaxin e relataram uma “pressão atípica” para acelerar a importação. Bolsonaro teria mostrado saber a origem da pressão ao dizer “é mais um rolo desse (parlamentar)...” A dupla pôs Bolsonaro no centro de um escândalo e, a partir de agora, a CPI passará a mirar o presidente.

Miranda afirmou por 12 vezes não se recordar o nome do congressista citado pelo presidente durante a sessão, mas acabou divulgando a identidade pouco antes das 22h.

“A senhora também sabe que é o Ricardo Barros que o presidente falou. Foi o Ricardo Barros. Eu queria ter dito desde o primeiro momento, mas vocês não sabem o que eu vou passar”, declarou ao responder uma pergunta da senadora Simone Tebet (MDB-MS).

“Apontar um presidente da República que todo mundo defende como uma pessoa correta, honesta, que sabe que tem algo errado, sabe o nome, que sabe quem é e não faz nada por medo da pressão que pode levar do outro lado? Que presidente é esse que tem medo de pressão de quem está fazendo o errado? De quem desvia dinheiro público de gente morrendo por causa dessa p... de covid”, completou o parlamentar, com lágrimas nos olhos.

Diferentemente dos demais imunizantes, negociados diretamente com seus fabricantes (no País ou no exterior), a compra da Covaxin pelo Brasil foi intermediada pela Precisa Medicamentos. A empresa virou alvo da CPI, que na semana passada autorizou a quebra dos sigilos telefônico, telemático, fiscal e bancário de um de seus sócios, Francisco Emerson Maximiano. O depoimento do empresário na comissão estava marcado para esta semana, mas ele alegou estar em quarentena após voltar da Índia e não compareceu.

Além da Precisa, Maximiano também é presidente da Global Saúde, empresa que já foi alvo de ação por irregularidades em contrato com o Ministério da Saúde em 2018. A denúncia foi apresentada pelo Ministério Público Federal do Distrito Federal à época em que Ricardo Barros (Progressistas-PR), hoje líder do governo Bolsonaro, era ministro. Na ocasião, a pasta pagou R$ 20 milhões para comprar remédios de alto custo a pacientes com doenças raras, mas os produtos nunca foram entregues.

Procurado pelo Estadão, Ricardo Barros disse desconhecer os motivos que levaram o governo Bolsonaro a negociar com Maximiano. A reportagem também tentou contato com o líder do governo para saber se ele seria o parlamentar citado por Bolsonaro na conversa relatada por Miranda, mas Barros não respondeu.

Após a declaração de Miranda, o líder do governo foi às redes sociais para negar envolvimento no caso. "Não participei de nenhuma negociação em relação à compra das vacinas Covaxin. Não sou esse parlamentar citado. A investigação provará isso. Também não é verdade que eu tenha indicado a servidora Regina Célia como informou o senador Randolfe (Rodrigues, Rede-AP). Não tenho relação com esse fatos", postou. A servidora, nomeada quando Barros era ministro da Saúde, no governo de Michel Temer, foi a fiscal do contrato da Covaxin no Ministério da Saúde.

Fonte: O Globo


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