sábado, 26 de junho de 2021

BRASILEIROS SE VACINAM EM LOCAIS DIFERENTES DE ONDE MORAM

Quinze por cento dos brasileiros já vacinados receberam a dose fora da cidade de residência

Quinze por cento dos brasileiros já vacinados receberam o imunizante fora de seu município de residência e tiveram que se deslocar em média por mais de 250 quilômetros para fazer isso, segundo o último boletim do Monitora Covid-19, do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (ICICT) da Fiocruz. De acordo com o levantamento, o percentual varia de 11% a 25% entre os municípios e reflete a descoordenação do Programa Nacional de Imunização (PNI) em todo o País.

Para especialistas, a disputa supostamente "do bem" entre governantes e a antecipação dos calendários vacinais em alguns municípios sobrecarregam os sistemas de saúde e provocam deslocamentos desnecessários, que podem ajudar na disseminação do vírus. Para os cientistas, a disputa é meramente política e não traz benefício ao País.

A situação expõe a escassez de vacinas, as falhas do PNI em aplicar as vacinas no município de residência de cada cidadão e a falta de critérios padronizados para a vacinação de grupos específicos. "A vacinação é um procedimento de baixa complexidade e que deve ser realizado na atenção básica de saúde, sendo dispensável o deslocamento de pessoas em busca de vacina", resume o boletim. "Longos deslocamentos devem ser evitados, bem como a sobrecarga de alguns municípios que vêm sendo procurados para anteciparem o calendário por idade, ou adotarem critérios próprios para a priorização de grupos vulneráveis."

"O ideal é que cada pessoa se vacine em seu município, de preferência no bairro onde mora", explicou o pesquisador Raphael Saldanha, do Monitora Covid-19. "Mas o sistema de saúde funciona em rede, o SUS é o universal, as pessoas podem se vacinar em qualquer lugar, elas não estão infringindo nenhuma lei."

Segundo o boletim, a tendência começou a ser notada em maio e deve se agravar nos próximos meses à medida que vários municípios antecipam faixas etárias e grupos populacionais a receberem o imunizante, trazendo risco, inclusive, de escassez de vacina para a aplicação da segunda dose.

Fonte: Estadão News


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