Desenvolvido na UFRN, drone AEDES age como viatura aérea e promete reforçar policiamento em áreas urbanas
Um drone projetado para agir como viatura aérea inteligente, patrulhar áreas urbanas, inibir crimes, auxiliar em desastres e transmitir imagens em tempo real: essa é a proposta do AEDES, a Aeronave de Defesa Social criada pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que acaba de atingir sua terceira geração com avanços marcantes em estrutura, conectividade e inteligência artificial. O projeto nasce em Natal, mas com potencial para atender demandas em todo o país.
Ao contrário de muitos projetos de laboratório que permanecem restritos ao meio acadêmico, o AEDES já demonstra potencial de aplicação prática em áreas sensíveis da sociedade, como segurança pública, saúde, socorro emergencial e até monitoramento de fronteiras.
O drone foi concebido em 2017 pelo professor Dino Lincoln Figueirôa, do Departamento de Design da UFRN, dentro de uma disciplina do curso. A ideia original era prover maior segurança ao campus universitário, mas o conceito se expandiu. Hoje, o projeto conta com apoio técnico do Leading Advanced Technology Center of Excellence (LANCE/IMD) e do Protolab, ambos vinculados ao Instituto Metrópole Digital (IMD).
A aeronave atual tem 1,7 metro de envergadura e 1,1 metro de comprimento, com capacidade de voar de maneira semiautônoma, rastrear alvos por câmera e emitir alertas sonoros e luminosos — como uma viatura aérea policial. Um dos grandes diferenciais é sua capacidade de decolagem vertical e voo horizontal, o que permite navegar com facilidade por entre postes, prédios e árvores em áreas urbanas.
Segundo Dino Figueirôa, “objetivo é desenvolver um drone com custo e complexidade de operação reduzidos, mas com desempenho comparável ao de equipamentos militares“.
Funcionalidades inéditas e operação inteligente
A nova versão do AEDES é 100% elétrica, com autonomia de até 35 minutos e velocidade de cruzeiro de 85 km/h, podendo atingir 150 km/h. O raio de operação é de 10 km, e a altitude máxima permitida é de 145 metros, conforme a regulamentação brasileira.
Já há estudos para incluir motor a pistão movido a etanol, o que elevaria a autonomia para até 8 horas, aproximando o drone do desempenho de modelos de uso militar. Além disso, a aeronave ganhou estrutura desmontável, podendo ser transportada facilmente no porta-malas de um carro comum — o que a torna compatível com uso diário por policiais e bombeiros.
Outro destaque é o SABRI – Sistema Automático Balístico de Redução de Impacto, criado para reduzir danos em caso de queda, e que já se encontra em processo de patenteamento.
Emergências, desastres e ajuda humanitária
Além do uso ostensivo na segurança urbana, o AEDES poderá ser utilizado em missões de salvamento e emergência, especialmente em áreas de difícil acesso após enchentes, deslizamentos ou incêndios. O drone transporta até 1,5 kg de carga útil, o suficiente para carregar kits de primeiros socorros, remédios ou alimentos.
Essa versatilidade coloca o equipamento em um novo patamar: mais que vigilância, ele é uma ferramenta de ação humanitária e resposta rápida em situações críticas.
IA embarcada e conectividade 5G: o cérebro do drone
A conectividade do drone também evoluiu significativamente. O projeto passou a contar com o apoio direto do LANCE – Leading Advanced Technology Center of Excellence, especializado em Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC). Localizado no núcleo nPITI do IMD, o LANCE congrega professores, pesquisadores e alunos de Engenharia Mecânica, Design, Informática e Engenharia Aeroespacial da UFRN.
O professor Augusto Neto, diretor do LANCE, explica: “Nós embarcamos no AEDES tecnologias de comunicação móvel em banda larga. A perspectiva é conectar o drone em 5G para que ele tenha conectividade constante, consistente e com alta largura de banda, permitindo sua exploração em serviços inovadores.”
Com isso, o drone poderá enviar vídeos em tempo real com qualidade suficiente para que algoritmos baseados em visão computacional façam análises e identificações automáticas, como rostos, placas de veículos e comportamentos suspeitos.
“Dá para utilizar a visão computacional de forma grandiosa, uma vez que a aeronave está conectada a uma rede móvel de banda larga, permitindo que o vídeo seja enviado com qualidade suficiente e possibilite detecções de extremo valor“, completa Augusto Neto.
Apesar de ter sido pensado inicialmente para uso em campus universitário e segurança urbana, a equipe envolvida já projeta usos para saúde, agricultura e monitoramento de fronteiras. Segundo Augusto Neto, “Estamos trabalhando também para aplicar o drone conectado em outras frentes, como saúde, agronegócio e até no monitoramento de fronteiras do país.”
A nova estrutura do AEDES o posiciona como um instrumento estratégico para governos estaduais, prefeituras e até órgãos federais que busquem alternativas tecnológicas acessíveis e eficientes.
Atualmente, o AEDES está em fase de testes controlados, com apoio da Ironside Academy, em Macaíba. A previsão é que os primeiros voos aconteçam nos próximos meses. Já a etapa de testes autônomos está prevista para 2026, com a operação completa e autônoma sob supervisão estimada para 2027.
“Estar dentro de um lugar onde existe todo um ecossistema tecnológico facilita muito o nosso trabalho“, destaca Figueirôa ao mencionar a importância da parceria com o LANCE.
Fonte: PortalN10

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