A convivência, hoje em dia, entre o homossexualismo e a igreja
Pamella Barbosa Silva viveu 27 anos tentando conciliar sua fé com sua identidade. Nascida em uma família religiosa, entrou para a Igreja Católica ainda criança, após se encantar com uma paróquia em sua cidade, no interior de Goiás.
Durante a juventude, integrou a Renovação Carismática Católica, movimento conservador que a ensinou a negar sua orientação sexual. Por anos, viveu sem se assumir, pregando contra si mesma e renunciando ao amor.
“Ser homossexual era como cometer um crime”, e só aos 37 anos ela conseguiu sair do armário.
Hoje, está noiva de Érika, com quem canta no mesmo grupo católico. O casamento será civil, mas com momentos de oração. “Não podemos nos casar na Igreja, mas queremos colocar nossa fé dentro dessa união.”
A história de Pamella não é isolada. Cada vez mais pessoas LGBTQ+ que foram formadas na fé católica buscam espaços de acolhimento dentro da religião, mesmo diante de uma doutrina que ainda trata a homossexualidade como “desordem” e exige castidade para os fiéis LGBTQ+.
Apesar do gesto simbólico do papa Francisco, que em 2023 aprovou o documento Fiducia Supplicans, autorizando bênçãos pastorais para casais em “situação irregular”, incluindo casais LGBTQ+, o Catecismo da Igreja continua a condenar formalmente os atos homoafetivos e a não reconhecer o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Movimentos como a Renovação Carismática Católica reforçam posições duras. Em seus materiais de formação, classificam a homossexualidade como “contrária à lei natural” e sugerem que sua “cura” poderia vir pela fé, negando inclusive o direito à adoção por casais LGBTQ+.
Como lembra o jesuíta James Martin, consultor do Vaticano e autor do livro Construindo uma ponte, “pessoas LGBTQ+ são membros plenos da Igreja”.
O desafio é fazer com que esse pertencimento também seja vivido sem medo, vergonha ou silenciamento. Pamella ainda acrescentou, “Sonho com o dia em que eu possa ser de fato uma pessoa LGBTQ+ católica sem medo, sem preconceito, sem sofrer os preconceitos das pessoas da Igreja. Sabendo que a Igreja me acolhe, me ama e me respeita como eu sou.”
Fonte: BBC News

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