Por: Gerinaldo Moura da Silva - Fotos arquivo do autor
Ilha Bela, antes se chamava Ilha dos Cavalos e pertencia a uma tribo indígena, que talvez fossem os Janduís ou Paiacus, ou até mesmo os Potiguares, que, segundo SENNA (33-34), habitavam a antiga Aldeia de Guajiru (atualmente Extremoz), que foram avançando mais para o interior numa tentativa de escapar da ação dos invasores europeus.
Segundo relatos orais e de antigos moradores, a Ilha dos Cavalos estava sob o domínio do chefe Saquete e com o início da implantação da monocultura canavieira por todo o vale do rio Ceará-Mirim, a propriedade foi adquirida pelo senhor Manoel Varela do Nascimento (futuro Barão de Ceará-Mirim).
Esses latifúndios que se formaram em torno do açúcar, tinham uma estrutura produtiva que contava com um grande contingente de pessoas escravizadas, embora possuíssem também um pequeno número de trabalhadores livres, que viviam quase que nas mesmas condições dos negros que eram trazidos da África em navios negreiros e viviam desde o momento em que deixavam sua terram, em condições sub-humanas.
O Engenho Ilha Bela foi fundado na segunda metade do século XIX, pelo Tenente-Coronel José Félix da Silveira Varela, e pela grandiosidade de sua estrutura, já possuía em 1894 grande turbinas, que lhes permitia fabricar o açúcar demerara cuja produção alcançou a cifra de 12.000 sacos de açúcar nesse período.
Com a morte do Coronel José Félix, o Engenho Ilha Bela passou a ser administrado por seus três herdeiros: Dr. Otávio de Gouveia Varela, Maria Esther de Gouveia Varela e José de Gouveia Varela. Por um período, já como usina, pertenceu ao Interventor do Rio Grande do Norte Ubaldo Bezerra de Melo, que também era proprietário da Usina Tereza, antigo Engenho Bicas.
O historiador Nestor dos Santos Lima afirma em sua publicação sobre o município de Ceará-Mirim na Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, que no ano de 1929 surgiu a Usina Ilha Bela para produzir açúcar cristal, reforçando o que escreveu Júlio Senna em seu livro Ceará-Mirim exemplo nacional vol.II, que ela passou a funcionar no ano de 1930 a todo vapor.
Ainda em SENNA, (PÁG. 159), temos a notícia da abertura e funcionamento da Usina Guanabara (em 1929) fundada por Antonio Basílio Ribeiro Dantas e a Usina São Francisco fundada pelo filho do Barão de Ceará-Mirim Alexandre Varela (Xandu).
Hoje, a Usina Ilha Bela está em ruínas. Era uma cidadela. Tinha de tudo o que se podia imaginar em uma cidade campesina: Igreja, escola, clube, campos, banhos de rio, vasta área para o plantio de subsistência para os moradores, uma cooperativa para os trabalhadores realizarem suas compras de mantimentos variados (enquanto predominava o velho e conhecido Barracão em outros lugares) e um grande amor que envolvia a todos que ali moravam, demonstrado em versos pelo cordelista Willi Lopes do Nascimento:
“...Ilha Bela era uma usina
Que crescia forte e bela
No mundo não existia
Uma outra igual a ela.
... quando falo de Ilha bela
Os olhos enchem de lágrimas
As pernas ficam trêmulas
E a voz embaraçada.
...as crianças tinham o parque
Para de tardinha brincar,
E escola pra estudar,
O campo pra jogar bola
E os rios para nadar...”
Blog 30zero7
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