Engenho Mucuripe em Ceará-Mirim
O Engenho Mucuripe tornou-se um dos mais conhecidos tanto no vale do Ceará-Mirim como em toda região, seja pelos produtos que nele eram fabricados como a rapadura, como pelo zelo administrativo que o seu proprietário o senhor Ruy Antunes Pereira dispensava à bela propriedade.
Segundo o historiador Nestor dos Santos Lima, o Engenho Mucuripe foi formado a partir da junção das terras dos engenhos Cumbe, Oiteiro e Alagoa. E em relação à sua fundação propriamente dita, pode-se constatar que o mesmo teve como fundador o Major Anthero Leopoldo Raposo da Câmara, em meados do século XIX.
Outro fato que faz parte da história do Mucuripe, segundo o empresário Ruy Pereira Júnior, é que o referido engenho foi adquirido pela família Antunes no início do século XX e a mesma só chegou para morar na casa grande do engenho, no ano de 1915, e a residência ficava em terras do antigo Engenho Cumbe, que precisou ser totalmente reformada, dando lugar a uma bela mansão que tornou-se conhecida como a casa-grande do Mucuripe.
Em meados da década de 1930, Ruy Antunes Pereira que já havia feito a fusão das três propriedades, criando um novo engenho, denominando-o de “Mucuripe”, no local onde antes se situava o engenho Alagoa.
O escritor Senna (1972) afirma em seu livro Ceará-Mirim Exemplo Nacional, que na safra entre os anos de 1935 e 1936, a produção de açúcar bruto do engenho Mucuripe correspondia a 1900 sacos de 60 Kg.
O senhor Ruy Antunes Pereira reestruturou o engenho, e nele criou suas próprias raízes de afetividade, quando o chamava de “meu mundo encantado”, dotando-o de máquinas mais modernas para que pudesse ter uma maior produtividade, não se descuidando da importância em preservar o maquinário antigo fazendo uma constante manutenção, proporcionando ao mesmo uma vida útil mais longa.
Foi através de vários investimentos na plantação da cana e na produção do açúcar mascavo, rapadura, mel e aguardente que houve um aumento na escala de industrialização crescente, principalmente quando a grande produção açucareira das usinas modernamente industrializadas fez diminuir a produção dos pequenos engenhos transformando-os em meros fornecedores de cana.
A casa grande do engenho Cumbe, passou a ser utilizada pelo proprietário em 1945; não existem registros da casa grande original deste engenho, assim como do antigo engenho, chamado Alagoa. A referida casa grande, encontra-se localizada a alguns metros do prédio do engenho e não guarda nenhuma semelhança com as casas grandes dos antigos engenhos.
A mesma passou por inúmeras transformações à medida em que a modernização do engenho se fazia necessária. Dos primeiros tempos de sua fundação, conserva apenas as dimensões e os alpendres que emolduram sua fachada, numa arquitetura moderna.
Em 1975, o Engenho Mucuripe passou por uma reforma que modificou toda a sua estrutura incluindo o maquinário. Atualmente, as dependências do engenho consistem em casa de purgar, um salão no qual fica a moenda, a caldeira, os tachos de mel, um depósito, um escritório, uma guarita e a destilaria desativada desde 1960. O engenho sofreu sucessivas intervenções, sendo completamente descaracterizado.
O Engenho Mucuripe assemelhava-se a uma pequena cidade, tendo de tudo um pouco. Existia cinema e campo de futebol (ainda hoje é utilizado para as partidas de finais de semana), tinha alto falantes, conhecidos como difusoras, que alegrava os moradores com músicas e que eram usados para dar notícias.
No ano de 1935 a 1975, toda a administração era do senhor Ruy Antunes Pereira, que no aniversário de seu primogênito Ruy Pereira Júnior passou o engenho para que ele pudesse ser seu sucessor, e administrou o engenho até 1986, quando transferiu a administração da propriedade para seus herdeiros.
Existiam várias edificações, onde residiam as famílias dos trabalhadores e hoje, grande parte está completamente em ruínas, deixando a mostra suas paredes de tijolos duplos, no que deixa transparecer toda a sua imponência de épocas passadas.
No ano de 1995, faleceu o senhor Ruy Antunes Pereira. Suas cinzas foram enterradas sob uma palmeira imperial, local onde posteriormente foi edificado o seu Mausoléu. A cerimônia fúnebre teve início no Solar Antunes, sede da Prefeitura de Ceará-Mirim, onde a Prefeita Therezinha Mello prestou uma justa homenagem ao grande empreendedor e pai do seu vice-prefeito Ruy Pereira Júnior. Em seguida, o cortejo se dirigiu ao Mucuripe.
Atualmente, o Engenho Mucuripe encontra-se desativado, sendo um dos últimos a lutar bravamente para não perecer diante da derrocada de tantos outros engenhos do Verde Vale que foram se acabando lentamente, até que não conseguiu sobreviver às sucessivas crises do setor agrícola e canavieiro, vindo a sucumbir como os demais, fazendo parte de nossa galeria histórica.
Texto: Professor Gerinaldo Moura
Sou Cleiton Vital pereira filho de um dos funcionários do engenho , Manoel Vital pereira que era o mestre de obra de seu ruysinho era muito querido e gostava muito de seu Manoel Vital..que levou o mesmo para fazer curso na época..
ResponderExcluirExcelente meu amigo, vc mora em Ceará-Mirim ou fora ???
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