GRANDE COMERCIANTE DE CEARÁ-MIRIM
Manoel Luiz de Lima é cearamirinense, nasceu no povoado de Oitizeiro, zona rural da cidade, em 27 de outubro de 1917, seus pais são senhor o senhor Paulo de Lima e senhora Josefa Galdino de Lima (ambos em memoriam) e em cuja família nasceram os seguintes filhos: Maria de Lourdes Lima (que entrou para a Congregação das Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora do Bom Conselho, sendo integrante da comunidade do Colégio de Santa Águeda), Segundo Luís de Lima, Maria do Carmo de Lima e Reineira Paula de Lima.
Manoel Luís era um homem muito simples. Um agricultor que seguiu os passos do seu pai plantando, colhendo, abastecendo a casa e guardando o excedente para comercialização. Como morava em um local distante da cidade, e que não dispunha de escolas próximas, estudou em uma escola particular, onde a professora alfabetizava e dava aulas de matemática, usando a Tabuada e a Carta de ABC, tudo sob a vigilância da auxiliar mais temida por todos os alunos: a palmatória, o terror da criançada. Manoel Luís só ia pra escola particular no período de férias, para estudar Matemática. Depois, mudaram-se para Umbuzeiro onde todos passaram a trabalhar em roçado e a família fez nova mudança, desta feita para a uma área de arisco, na Fazenda Marcoalhada. Seus irmãos e seu pai continuaram a trabalhar na agricultura. Por essa época e Manoel Luís de Lima montou uma pequena bodega na sala da casa, fornecendo alimentos para os trabalhadores da fazenda, até que, o usineiro Luís Lopes Varela passou a ajudá-lo na compra e aquisição dos mais variados gêneros alimentícios, chegando a emprestar dinheiro que ele sempre pagava sem juros. Foi então, que Manoel Luís trouxe a família para morar em Ceará-Mirim, às margens da BR 406 onde havia alugado uma casa e montou outra bodega, um pouco mais sortida que a anterior.
Com a família estabelecida na cidade e com os negócios progredindo, seu Manoel Luís se estabeleceu na antiga praça das 5 Bocas, onde abriu outra bodega maior e mais sortida, contando sempre com a ajuda de seu grande amigo o então Prefeito e usineiro Dr. Luís Lopes Varela e depois alugou um novo estabelecimento, desta feita na antiga Rua Nova, nas proximidades da “Panificadora do Amigo” do senhor Valdemar Vicente Ferreira, passando em seguida para a Rua do Patu, em um amplo prédio, localizado na esquina da Rua Manoel Marques com a atual Rua General João Varela, onde durante muitos anos foi a Bodega de seu Ciro, a Farmácia de Naldo e atualmente é a sede da Lotérica.
Desse local que já se assemelhava a um armazém, pois tinha um grande volume de mercadorias bastante diversificada, Manoel Luís se mudou, desta feita definitivamente para o “quadro do mercado”, hoje, Praça Onofre José Soares. Um grande armazém que ficava na esquina da Rua Dr. Rodolfo Garcia com a Onofre José Soares.
Era um grande empreendimento comercial que contava com18 funcionários. Eram todos homens que movimentavam um grande comércio a grosso e a varejo. Eram incontáveis mercadorias desde alimentos até utensílios domésticos. A maioria das mercadorias eram compradas no Sul/Sudeste do Brasil e vinham em grandes caminhões, que o povo chamava de “Caminhão Buldogue”, e seu Manoel Luís também chegou a adquirir um desses veículos para transportar as mercadorias diretamente sem intermediários.
Um dos seus funcionários que galgou o posto de gerente, foi o senhor Arnaldo, que reside atualmente na Rua Vereador Euclides Cavalcanti, antiga Rua São João. No armazém podíamos encontrar também Bastos da família Neri, Célia Praxedes e Bosco, dentre outros.
Seu Manoel Luís de Lima era um homem de fé e devoto de Nossa Senhora de Fátima, e foi o responsável pela reestruturação da Venerável Irmandade do Santíssimo Sacramento, que não estava em atividade, chegando a ocupar o mais alto posto dentro da Irmandade que é o cargo de Provedor.
Juntamente com o Cônego Ruy Miranda, Manoel Luís empreendeu uma viagem a Roma, passando 18(dezoito) dias no Velho Mundo. E na Quaresma, liderava uma pequena procissão sempre a noite, pregando a Palavra de Deus a todos os que dela necessitavam, ao lado de “seu” Chicó, dona Isabel Poti que puxava os hinos e os irmãos da Irmandade, subindo e descendo as ladeiras do Ceará-mirim, levando conforto através da evangelização. Ao lado de Chico Brasilício, ajudava ao Padre Ruy Miranda nas da missas diárias e ainda, na ausência do vigário, presidia a Celebração da Palavra, na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, ou onde sua presença fosse solicitada para levar o Cristo através do Santo Evangelho e da Eucaristia.
Um dos momentos mais marcantes da cidade era na Semana Santa, mais precisamente na Sexta Feira da Paixão, quando a Rua Nova ficava bastante movimentada, com filas enormes de pessoas que se aglomeravam em busca da “esmola da semana santa” que era distribuída a toda gente do povo que buscava pão, côco para temperar o peixe.
Manoel Luís de Lima faleceu no dia 01 de agosto do ano de 1992, aos 75 (setenta e cinco) anos. Se vivo fosse completaria neste ano de 2019, 102 anos de idade.
MANOEL LUIZ DE LIMA
Texto: Gerinaldo Moura
BIBLIOTECA PÚBLICA MUNICIPAL DR. JOSÉ PACHECO DANTAS
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