sábado, 24 de novembro de 2018

GOVERNO BOLSONARO TENTA INOVAR

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BOLSONARO PÕE PRESIDENCIALISMO DE COALIZÃO À PROVA AO ARRISCAR NOVO ESTILO

Eleito subverte modelo na escolha de ministros e na relação com deputados, dizem pesquisadores

A possibilidade de Jair Bolsonaro (PSL) estabelecer uma relação diferente com os partidos de sua base de apoio, desafiando o modelo de coalizão vigente, já ouriçou o Congresso e deixou pesquisadores da política no Brasil com olhos e ouvidos atentos.

As mudanças em curso pelo presidente eleito incluem a indicação de ministros sem ligação com legendas e a anunciada vontade de negociar votações na Câmara com as bancadas temáticas em vez de passar pelos líderes das siglas.

“Negociar não é feio. Desde que estejam em jogo políticas públicas, numa discussão legítima, honesta. Feio é negociar falcatrua”, diz o sociólogo e cientista político Sérgio Abranches, que cunhou em um artigo de 1988 a expressão presidencialismo de coalizão para descrever a forma como presidentes no país obtêm maioria para passar as propostas.

Nos governos pós-redemocratização, a formação ministerial e a relação com os parlamentares se solidificou na lógica de troca de cargos e de verbas, estilo que Bolsonaro diz ter a intenção de abolir.

Formar alianças, dizem cientistas políticos, não é o problema —é até indispensável, já que nenhum presidente teria maioria no Legislativo se contasse só com seu partido.

A questão é que negociar para governar virou sinônimo de cooptação, afirma Abranches. “Esse ciclo político se esgotou. O eleitor não aceita mais isso.”

Bolsonaro propõe, desde a campanha à Presidência, uma quebra de paradigma. Na escolha dos ministros, diz priorizar a capacidade técnica, como quando chamou Sergio Moro, sem filiação partidária, para a pasta da Justiça.

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